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Economia/ América do Sul

OCDE: Infraestrutura melhor aumentaria produtividade latina em até 35%

A Organização para o Desenvolvimento e a Cooperação Econômica advertiu nesta segunda-feira (30), em Paris, que as infraestruturas de logística deficientes na América Latina impedem a região de aumentar a produtividade em 35%. No 6º Fórum Econômico Internacional sobre a América Latina e o Caribe, a OCDE destacou que, com o fim da “década de ouro” para os latinos, os países deveriam apostar na melhoria das infraestruturas para compensar a queda do preço das matérias-primas, que afeta as economias sul-americanas.

Empresa inicia as obras de duplicação da Rodovia da Uva (PR-417), entre Curitiba e Colombo. No trecho circulam, diariamente, cerca de 16 mil veículos.
Empresa inicia as obras de duplicação da Rodovia da Uva (PR-417), entre Curitiba e Colombo. No trecho circulam, diariamente, cerca de 16 mil veículos. www.aen.pr.gov.b
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O secretário-geral da organização, Angel Gurría, lembrou que os custos com logística respondem por entre 18 e 35% do valor dos produtos comercializados na região, contra apenas 8% nos países-membros da OCDE, que reagrupa as economias mais desenvolvidas do mundo. A situação prejudica a competitividade dos países, incluindo as exportações.

“Melhorias na logística poderiam também elevar a produtividade em cerca de 35%”, disse. A organização espera um crescimento de 2 a 2,5% na América Latina em 2014.

Gurría frisou que, para diversificar a produção e fortalecer a indústria, é fundamental que mais investimentos também sejam feitos na qualificação de pessoal. “Para aumentar a produtividade, é essencial desenvolver políticas educativas e de capacitação, que respondam melhor às necessidades dos mercados de trabalho e permitam uma transição gradual às atividades com maior intensidade em habilidades e inovação”, afirmou. “Além disso, a América Latina deve fortalecer a competição, porque é uma região com monopólios em praticamente todos os setores de produção.”

Inovação e educação técnica

A necessidade de diversificação produtiva também é levantada por Alicia Barcarena, secretária-executiva da Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), da ONU. Ela apontou o aumento da inovação, da educação técnica e da integração comercial entre os países sul-americanos como prioridades para o desenvolvimento.

Barcarena observou que, apesar dos avanços sociais, a região permanece a mais desigual do mundo. Segundo dados do Cepal, 27% da população latinoamericana vive na pobreza e 11,5% na extrema pobreza. A secretária-executiva contesta os dados sobre a ascensão de 50 milhões de pessoas à classe média nos últimos 10 anos.

“Nós não reconhecemos a chamada classe média como tal por uma razão: a classe média tem de ter capacidade de poupança. E essa nova classe média não tem capacidade de poupar. As pessoas saíram da pobreza e têm capacidade de se endividar, não de poupar”, explicou. “Na nossa região, o consumo supera o PIB, ou seja, o nosso crescimento não é o bastante para o que consumimos. Estamos nos endividando para consumir, e grande parte desse consumo é de importações, graças à apreciação cambial.”

Logística e PPPs

Alexandre Meira da Rosa, diretor do setor de Infraestrutura e Meio Ambiente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), está convencido de que o aumento da classe média pressiona cada vez mais os governos a oferecerem infraestruturas de melhor qualidade, como os transportes. “O problema da logística urbana afeta a produtividade das economias. Um cidadão de uma cidade como São Paulo leva 110 minutos para ir e voltar do trabalho, em média”, lembrou. “Esse é um tempo roubado da sua capacitação e tem uma série de implicações na saúde das pessoas.”

Já Roberto Machado, do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), avalia que é preciso elevar a participação da iniciativa privada nos grandes projetos para o desenvolvimento dos países, com as Parcerias Público-Privadas (PPPs). “As condições para a participação da iniciativa privada nos projetos de infraestrutura são muito importantes. Por isso, é preciso marcos regulatórios bem qualificados e estáveis”, sublinhou.

04:07

RFI Economia-Logística deficiente afeta produtividade latina

 

 

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