Copa do Mundo terá impacto temporário para a economia, diz Moody’s

Apresentada como uma oportunidade excepcional para Brasil, a Copa do Mundo pode, na verdade, ter efeitos apenas “temporários” para a economia. A conclusão é de um relatório da agência de notação de risco Moody’s.

Vista aérea da Arena do Corinthians em São Paulo. REUTERS/Paulo Whitaker

O maior torneio de futebol do mundo, sediado pelo Brasil entre junho e julho deste ano, vai atrair milhões de turistas e colocar o Brasil no centro dos holofotes durante os dias do evento. Mas, para além dos 15 minutos de fama, a economia brasileira deve ter impactos positivos apenas de curto ou curtíssimo prazo. “Os 3,6 milhões de turistas vão impulsionar os lucros do setor de alimentos, bebidas, acomodação, aluguel de carros, transmissões de TV e no setor publicitário. (…) Mas, para a maioria das empresas brasileiras, os 32 dias de evento nas 12 cidades vão produzir um impacto fugaz nas vendas e que, provavelmente, não vão afetar os lucros anuais”, diz relatório.

Já para as empresas associadas diretamente ao evento - Coca-Cola, Adidas AG, InBev, Budweiser e Oi- a exposição midiática pode resultar em um “impulso para a imagem” embora isso não signifique, necessariamente, uma alta expressiva das vendas.

O relatório sublinha também que, embora os R$ 26 bilhões em investimentos planejados para melhorias em estádios e aeroportos, portos e mobilidade urbana sejam positivos para fornecedores locais de infraestrutura, a soma corresponde a apenas 0,7% do investimento total planejado no Brasil para o período de 2010 a 2014. E, segundo a Moody’s, a maior parte do impacto desses investimentos já foi sentido.

Em relação ao turismo, a Copa do Mundo pode dar um novo fôlego para o setor. Além dos milhões de brasileiros que devem viajar pelo país, 600 mil turistas estrangeiros irão para o Brasil no período, calcula o Ministério do Turismo. “Depois do evento, o turismo brasileiro deve continuar a se beneficiar da exposição do país e da melhoria doa infraestrutura de transportes”, avalia a agência.

Desafios

A atenção voltada para o Brasil, porém, pode ser negativa se os problemas de organização durante o torneio se acumularem. “A multidão e o tráfego vão tornar ainda mais difíceis a circulação de mercadorias”. Para a Moody’s, isso pode desanimar os consumidores e atrapalhar a sua rotina normal de compras, atrapalhando o setor varejista e de combustível, por exemplo.