Sob manifestações e uma enxurrada de críticas, o Brasil realizou ontem o primeiro leilão do pré-sal, no campo de Libra, cinco anos após a descoberta das jazidas, em 2008. O consórcio formado pela Petrobras, a anglo-holandesa Schell, a francesa Total e as chinesas CNPC e CNOOC, foi o único a apresentar uma proposta e arrematou a concessão.
Situado entre 5 e 7 quilômetros de profundidade, Libra é a maior área de petróleo do país, com 1,5 km2. O potencial total de produção pode chegar a 12 bilhões de barris.
Para Martin Tygel, do Centro de Estudos sobre o Petróleo da Unicamp, a interferência estatal no processo e a falta de confiança dos investidores afastaram as multinacionais.
Já Ildo Sauer, ex-diretor de Gás e Energia da Petrobras e professor do Instituto de Energia e Ambiente da USP, avalia que a licitação contraria o “interesse nacional", porque o modelo adotado tira do Brasil o controle sobre a produção. Para ele, a China, a maior importadora do mundo, está interessada apenas em baixar o preço do produto.
Este foi o primeiro leilão de petróleo sob o regime de partilha. A Petrobras será a operadora única do campo e é o Tesouro quem divide a produção, de acordo com as proporções estabelecidas em contrato.
A troca de regime de concessão para o de partilha foi uma das razões dos protestos que marcaram o leilão. Em greve desde a quinta-feira, para protestar contra a licitação e pedir aumento de salários, o Sindipetro (Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro) promete manter a mobilização para anular a concessão, conforme Emanuel Cancella, diretor do sindicato.
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