Acionistas de multinacional francesa votarão salários de dirigentes
O grupo de publicidade francês Publicis vai começar a submeter o valor dos salários dos altos dirigentes à votação pelos acionistas, transformando-se na primeira grande empresa francesa a adotar este tipo de medida. Na sexta-feira, o governo do país anunciou que abandona o projeto de criação de uma lei para estipular um teto dos salários dos diretores de empresas privadas, causando desconforto na esquerda do país.
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Esta é a primeira vez que uma companhia francesa realiza este tipo de votação, que será feita durante a assembleia-geral da Publicis, nesta quarta-feira. O mecanismo, comum no Reino Unido, é conhecido como “say on pay” – um pedido para os acionistas se pronunciarem (“say”) sobre a remuneração da diretoria (“on pay”). Este voto está na pauta da convocação da próxima reunião do grupo francês, cujo diretor-presidente, Maurice Levy, é dono de uma das maiores fortunas do país.
A Publicis é o terceito maior grupo de comunicação do mundo. De acordo com a convocação da reunião, a iniciativa vai permitir à Publicis “se aproximar das práticas em vigor em vários países, principalmente anglosaxões, e que já são usadas pelos [seus] principais concorrentes”. Este é o caso das agências americanas Omnicom e Interpublic, além da britânica WPP.
No ano passado, a divulgação de que Levy receberia um bônus de 16 milhões de euros, além do seu salário, provocou polêmica na França, em plena campanha eleitoral e enquanto o país enfrenta uma grave crise econômica. A regulação dos salários dos dirigentes estava entre as promessas de campanha do presidente socialista François Hollande.
Porém, na sexta-feira, o ministro da Economia, Pierre Moscovici, anunciou que o governo prefere renunciar ao projeto de aplicação de uma lei sobre o tema, e vai incentivar a “auto-regulação” do setor. Um texto prevendo uma alíquota de 75% sobre os salários superiores a 1 milhão de euros ao ano, entretanto, deverá ser apresentado ao Parlamento no plano de orçamento para 2014.
A decisão sobre a remuneração dos patrões foi alvo de críticas da esquerda antiliberal e da extrema-direita. Já a direita conservadora parabenizou os socialistas pelo anúncio.
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