Investimentos em sede de Olimpíadas podem se tornar prejuízo
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As Olimpíadas de Londres chegaram ao fim e não há dúvidas de que foram um grande sucesso. Mas sob o ponto de vista econômico, paira no ar de toda a cidade-sede de grandes eventos internacionais como este a possibilidade de um enorme prejuízo vir pela frente.
Em Londres, o custo total dos investimentos para receber o maior acontecimento esportivo do mundo ultrapassou os 11 bilhões de euros, 28 bilhões de reais. Um balanço completo sobre o retorno deste valor vai sair apenas em setembro, mas a expectativa não é de que as Olimpíadas não foram nada positivas para o turismo londrino: os hotéis não lotaram e os visitantes, a maioria jovens, gastaram menos do que se esperava. Isso sem contar que a existência dos Jogos afastou muitos turistas que costumavam passar férias na capital britânica.
O esperado legado para a cidade olímpica nem sempre é favorável: Atenas se atolou em dívidas, assim como Montreal, que levou quase 20 anos para quitar o dinheiro gasto para abrigar as Olimpíadas de 1976. Na África do Sul, a expectativa era de que uma verdadeira guinada de crescimento fosse tirar milhares de pessoas da pobreza, mas tudo não passou de fogo de palha.
O carioca Vittorio Oliverira Lo Bianco escolheu justamente este assunto para a sua dissertação de mestrado: ele comparou as experiências em Barcelona, Londres e Rio de Janeiro, e suas conclusões são de que muita promessa não sai do papel. Ele ainda destaca que a única vantagem indiscutível para as cidades-sede são os investimentos em transportes. O sucesso de muitos outros fatores só se pode verificar com o passar dos anos: Barcelona entrou para ficar na rota turística na Espanha, o que trouxe muitos lucros a longo prazo.
Mas o pesquisador lamenta que a prefeitura do Rio tenha preferido escolher uma área privilegiada da cidade ao invés de revitalizar um bairro degradado, como foi o caso de Londres. Desta forma, foi a população quem saiu perdendo, afinal investimentos deixam de ser feitos em bairros mais pobres para poder viabilizar o sonho olímpico. Esta também é a principal crítica do economista Mauro Osório, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, ao projeto carioca.
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