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G-20/Economia

China não valoriza yuan por pressão internacional

A China cumpriu, na última terça-feira (22/06), a promessa de flexibilizar a sua taxa de câmbio. A decisão reduz as especulações de uma guerra comercial entre a China e os Estados Unidos, na semana que antecede a Cúpula do G20, em Toronto, no Canadá. Com a medida, a moeda chinesa atingiu o nível mais alto em relação ao dólar norte-americano nos últimos cinco anos.  

Yuan, a moeda chinesa, foi revalorizado, pela segunda vez, nesta sexta-feira.
Yuan, a moeda chinesa, foi revalorizado, pela segunda vez, nesta sexta-feira. Foto: REUTERS
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João Alencar, em colaboração para RFI

Desde julho de 2008, a taxa de câmbio é praticamente fixa em relação ao dólar, com uma variação máxima de 0,5%. Num comunicado oficial, o governo chinês disse que a estabilidade da sua moeda será mantida num nível “razoável e balanceado”.

Já o governo americano tem pressionado Pequim para valorizar a sua moeda e acusa o governo chinês de manter artificialmente baixo o valor do yuan para favorecer as exportações do país.

“Uma valorização yuan permitiria que o motor de crescimento da China passe de forma mais clara para a sua economia doméstica. O que seria muito importante para a China, mas também para a economia global”, avalia o economista Luiz de Melo, da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em Paris.

A queda do euro em mais de 17% em relação ao dólar e ao yuan desde dezembro do ano passado, tornou as exportações chinesas menos competitivas no Velho Continente. A Europa é hoje o maior mercado de exportação para os produtos chineses.

De acordo com o economista Richard Herd, também da OCDE, a flexibilização do yuan não ocorreu por conta da pressão internacional. “O governo chinês nunca disse que a taxa de câmbio seria sempre fixa. Eles tinham suspendido a política de apreciação do yuan por causa da crise. Agora, que a crise acabou – pelos menos para eles – já está na hora de retomar a valorização da moeda”, analisa Herd.

Para ele, o fato de tomar a decisão há poucos dias do início da reunião do G20 pode ser por questões políticas, mas a mudança faz parte de uma política econômica necessária para o país.

“A economia chinesa vive um momento em que precisa da valorização da sua moeda. No primeiro trimestre, o crescimento do Produto Interno Bruto do país foi de 12% e a produção industrial aumentou em 16%. Porém, a inflação cresceu também, chegando a 3%. O governo chinês precisa agora aumentar o valor do yuan para diminuir a inflação e reduzir a demanda exterior”, explica Herd.

A recuperação dos países após a crise de 2008 e 2009, aliás, tem sido bastante heterogênea. Enquanto os Estados Unidos e os países emergentes já tiveram uma retomada econômica significativa, a Europa vive um crescimento lento e frágil.

A próxima reunião G20 deverá ser marcada, então, pelo confronto entre os planos de retomada do crescimento e as medidas de austeridade anunciadas por vários países europeus.

“A discussão do G20 é muito interessante por que se tenta conciliar os desafios de políticas macro-econômicas para os diferentes países membros com um objetivo comum: fazer que o crescimento global seja mais equilibrado, forte e consistente”, observa o economista brasileiro Luiz de Melo.

O encontro do G20 ocorre nos dia 26 e 27 de junho, em Toronto, no Canadá.

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João Alencar, em colaboração para RFI

 

 

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