"De Drácula à Buffy": exposição em Paris resgata trajetória dos vampiros na arte e na História
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Sincronizada com o Halloween, a Cinemateca Francesa, em Paris, exibe a mostra "Vampiros, de Drácula à Buffy". Com trechos de filmes, livros, fotografias, pinturas, serigrafias, esculturas e até mesmo peças célebres dos figurinos de "Nosferatu", de Werner Herzog, e "Entrevista com o Vampiro", de Neil Jordan, a exposição recompõe como esse misterioso personagem é retratado ao longo da História.
Do ilustre romance de Bram Stoker aos longas de Tod Browing, de 1931, e Francis Ford Coppola, de 1992, a exposição destaca a figura do vampiro no cinema e na literatura. Também resgata a trajetória deste misterioso personagem nas artes plásticas - por Andy Warhol, Basquiat, Niki de Saint Phalle, Goya.
Mas, ao ser levado para a TV - com séries como "Buffy, a Caça Vampiros", "True Blood" ou "The Strain" - o vampiro se transforma em um ícone pop e passa a ser utilizado até mesmo na publicidade, como explicou à RFI o curador da mostra, Matthieu Orléan. "A ideia é apresentar ao público uma vasta gama de representação dos vampiros, desde o fim do século 18, para mostrar em que ponto esse mito teve uma hereditariedade tão forte."
Segundo ele, tudo começou nas histórias orais que as pessoas do leste da Europa contavam e que se espalharam pelas grandes capitais do oeste europeu, como Londres e Paris. "Em seguida, tudo isso se cristalizou na literatura e tornou cults livros como 'Drakula', de Bram Stoker, de 1897, que fixou esse personagem no imaginário coletivo. Também se cristalizou no cinema, a partir de 1895, quando os vampiros começaram a aparecer nas telonas. Além disso, me interessei e quis mostrar as transformações e mutações do vampiro em outras práticas artísticas", afirma.
Vampiro pop e político
Muito além dos míticos Dráculas interpretados por Bela Lugosi e Gary Oldman, ou Nosferatu, interpretado por Klaus Kinski, o percurso da exposição leva o visitante a descobrir as diversas faces que o vampiro encarna ao longo da história, a partir da Idade Média até os dias de hoje, oscilando entre representações poéticas, eróticas, pops e até mesmo políticas.
"A figura do vampiro é utilizada em caricaturas desde 1870 para criticar a ascensão do nacionalismo alemão. O mesmo acontece durante as duas Grandes Guerras. O vampiro aparece também em desenhos anticapitalistas, que mostram donos de empresas encarnando esses personagens. Na imprensa, de antigamente e de hoje, o vampiro estampa publicações e capas de revistas e jornais. Se você vai a qualquer manifestação atualmente, os políticos são representados como vampiros", observa Orléan.
A RFI conversou com alguns visitantes da exposição, como a professora francesa Leila, que levou um grupo de alunos à Cinemateca Francesa. Para ela, o mais interessante no personagem do vampiro é seu paradoxo de personalidades. "O percurso da exposição mostra que vampiros são monstros, mas também sedutores. Para mim, é importante que meus alunos, adolescentes, possam descobrir esse universo que hoje se tornou algo extremamente romantizado, especialmente devido a séries de TV, e o vampiro acabou perdendo sua aura de nobreza."
A mexicana Gloria, veio a Paris a turismo com o marido e foi conferir a mostra. "Somos fãs de cinema e adoramos os filmes e todas as versões de Drácula. A exposição é excelente e completa, tem muito senso de humor e destaca as diferentes faces dos vampiros: a que eu mais gosto é esse lado erótico do personagem", afirma.
Monstro, ídolo, sex symbol retrô ou contemporâneo, a fascinação pelo personagem do vampiro atravessa séculos e transcende gerações. A exposição "Vampiros, de Drácula à Buffy" fica em cartaz na Cinemateca Francesa até 19 de janeiro de 2020.
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