Pela primeira vez em Paris, vida de Buda é tema de exposição
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Quem foi Buda? O que é o budismo? Como surgiu? Para quem tem essa curiosidade, uma exposição inteiramente dedicada ao personagem – “Buda, a Lenda Dourada” – está em cartaz no Museu Guimet, em Paris, especializado em arte asiática.
Um mapa logo na entrada da visita traz um painel sobre a incrível expansão do budismo, a partir do século 5 a.C., com o nascimento do príncipe Sidarta Gautama, no sul do atual Nepal. Ele renunciou ao título para se dedicar à busca da erradicação das causas do sofrimento humano. O budismo se espalhou pela Ásia e até hoje tem forte presença na cultura, apesar das diferenças regionais.
Thierry Zéphir, um dos curadores da mostra, explica:
"O ponto de partida era contar a vida do fundador do budismo, ou seja, Buda, o iluminado. Para fazer isso da maneira mais clara possível para o visitante, decidimos apresentar a vida de Buda de forma cronológica. Não existe uma biografia. A maior parte dos textos que tratam da vida de Buda foram escritos depois e são, de certa forma, uma recomposição de uma vida da qual temos poucas informações concretas. Sabemos que ele nasceu, viveu e morreu. Mas sua vida de jovem, de adulto e na ocasião do nirvana, ou seja, de sua morte, são momentos não propriamente inventados, mas enfeitados pela tradição religiosa budista. A exposição percorre uma cronologia histórica ideal da vida de Buda, deixando claro que é um percurso idealizado, de acordo com a visão de cada artista."
O percurso é impressionante em formas e estilos. Buda é gordo, magro, andrógino, mas sempre com o rosto sereno, seja em pedra, madeira ou tinta. Thierry Zéphir fala sobre as obras expostas:
"Apresentamos exatamente 159 obras, de vários tipos e técnicas – escultura, pintura, manuscritos, em pedra, porcelana, bronze, madeira. A quase totalidade vem do nosso acervo, da exposição permanente e também da reserva. Foi a oportunidade de restaurar algumas obras e apresentá-las de novo após quase um século."
A mostra segue quatro eixos: nascimento, iluminação, primeiro sermão e acesso ao nirvana. Thierry Zéphir:
"O budismo é uma das grandes religiões do mundo. Buda chegou ao estado espiritual muito elevado que foi cultivado em várias vidas. O mundo então era visto, ao contrário do Ocidente, de maneira cíclica, com nascimentos, vivências, mortes, renascimentos etc. Buda foi desenvolvendo qualidades, como amor ao próximo, dedicação, generosidade, abnegação. Para chegar, digamos, a um estado de pureza espiritual tal que ele não precisasse mais reencarnar. Para os budistas, chegar ao nirvana acontece após várias vidas, durante as quais tudo o que é bom no humano e relativo à natureza é valorizado. A maior lição de Buda foi a constatação do sofrimento durante a vida, de compreender a origem desse sofrimento, os elos, por exemplo, emocionais, ou puramente materiais do que nos cerca e se distanciar.
Se a iconografia é rica, a exposição não navega em águas filosóficas. Christiane, professora aposentada, fala por que quis visitar a mostra:
"Por causa de minhas viagens, principalmente ao Camboja. Foi onde me interessei pelo budismo e pela representação de Buda. É uma exposição bastante pedagógica. Ela me fez relembrar várias informações que já tinha esquecido. A mostra fala pouco sobre os ensinamentos de Buda. Os quatro temas são indicados, mas são pouco evocados. Saindo da exposição percebemos que não se falou muito da parte espiritual do budismo."
“Buda, a Lenda Dourada” fica em cartaz no Museu Guimet, de Paris, até 4 de novembro de 2019.
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