Acessar o conteúdo principal
Cinema

Rodrigo Teixeira, o brasileiro mais poderoso do Festival de Cannes

O Brasil participa do 72° Festival de Cannes com sete filmes. Mas nessa edição do evento, o brasileiro que mais se destaca não é um diretor nem um ator, e sim o produtor Rodrigo Teixeira. Pouco conhecido do grande público, ele desembarca na Riviera Francesa com três filmes, dois deles na seleção oficial Um Certo Olhar, e finaliza um projeto hollywoodiano com Brad Pitt.

Rodrigo Teixeira se impôs rapidamente no mundo do cinema
Rodrigo Teixeira se impôs rapidamente no mundo do cinema RFI
Publicidade

Enviado especial a Cannes

Em meio à confusão dos junkets, ritual dos grandes eventos no qual os jornalistas se encontram com diretores e atores para uma maratona de entrevistas individuais e bem cronometradas, ele passa quase despercebido. Rodrigo Teixeira chega no espaço reservado à beira da praia de Cannes com look despojado, vestindo camisa jeans e apenas um caderno na mão. Enquanto Gregório Duvivier e Willem Dafoe são bombardeados de perguntas, o produtor, menos solicitado, acompanha de longe, de olho em tudo.

Ao contrário dos dois atores, que estão em Cannes representando um filme cada um (“The Lighthouse”, de Robert Eggers, para o americano, e “A vida invisível de Eurídice Gusmão”, de Karim Aïnouz, para o brasileiro), Teixeira está na Croisette não apenas para os dois projetos, orquestrados por sua produtora paulista RT Features, mas também para representar “Port Authority”, incursão nova-iorquina dirigida por Danielle Lessovitz, e que conta com a participação de ninguém menos que Martin Scorcese entre os coprodutores. “Essa é uma edição de Cannes mais do que especial. Não só pelo fato de estarmos aqui com três filmes, mas pelo fato de serem esses filmes, pelos quais demos muito suor e lágrimas”, conta o brasileiro, lembrando que os projetos foram todos rodados em 2018. “É uma vitória que eu nunca imaginei, nem nos meus maiores sonhos”, celebra.

Oscar na prateleira

Apesar da satisfação demonstrada de forma discreta, Teixeixa não está em seu primeiro sucesso. Fundada há 15 anos, sua produtora está nos créditos de filmes tão diferentes quanto “A Bruxa”, “Frances Ha”, “O cheiro do ralo”, ou ainda “Me chame pelo seu nome”. “A partir de ‘Call by your name’ a gente não precisou mais se provar e as coisas naturalmente foram acontecendo”, explica, em relação à adaptação do livro de André Acinan dirigida por Luca Guadagnino para as telonas, que teve sucesso mundial com direito a estatueta do Oscar na prateleira.

Os filmes adaptados de obras literárias, aliás, atraem particularmente o produtor. “A literatura é a base da minha formação, então eu a misturo muito com cinema. As duas coisas me emocionam”, explica o produtor, que abandonou uma carreira no mercado financeiro e a faculdade de administração para se lançar na 7ª Arte.

Arte para democratizar conversas políticas

Para o brasileiro, que transita tranquilamente entre a Berlinale e a Mostra de Veneza, passando por Hollywood, um filme precisa de um aspecto político e social para se sobressair na indústria cinematográfica atual. “Você não precisa ser político para fazer cinema, mas precisa discutir algum tópico. Os movimentos de extrema direita e as radicalizações populistas que a gente está vendo por aí merecem ser contestados pela arte. Essa é a única forma de democratizar a conversa”.

Mas se engana quem pensa que apenas os chamados filmes “cabeça” ou engajados interessam Teixeira, que vê na curiosidade uma das principais qualidades de um produtor. “Eu vou ver os 'Avengers' com muita vontade, assisto o 'Black Panther' feliz, vejo 'Star Wars' amando, vou ver filmes de Pixar com meus filhos e fico louco. Sou um consumidor de cinema, que foi uma ferramenta muito importante na minha formação como ser humano”, confessa.

Essa paixão cinematográfica é também o que o guia na escolha de seus projetos. “Penso em função do que gostaria de consumir. Se esse filme é oferecido para mim, é com ele que eu vou trabalhar”, frisa.

O produtor, aliás, acaba de concluir uma superprodução com Brad Pitt, no elenco de uma ficção científica dirigida por James Gray. “Eu nunca poderia ter imaginado fazer algo com Brad Pitt. O filme é maravilhoso e ele fez um trabalho incrível, que estará nos cinemas em 20 de setembro”, comemora Teixeira.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.