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Rendez-vous cultural

Artista espanhola traz mostra com fotos sobre falta de acesso ao aborto legal no mundo

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Uma exposição em Paris mostra as consequências nefastas da falta de acesso a um aborto seguro. Com fotos, instalações e uma extensa pesquisa, a espanhola Laia Abril faz um alerta sobre o problema no mundo. O Brasil comparece como um dos países onde a situação é mais crítica devido à rigorosa legislação. A artista teme que a situação venha a piorar com o novo governo.

Laia Abril expõe sobre consequências do aborto clandestino.
Laia Abril expõe sobre consequências do aborto clandestino. Patricia Moribe
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“Aborto, uma Vulnerabilidade Mundial” é o primeiro capítulo de um projeto a longo prazo de Laia sobre a história da misoginia. “Não é sobre aborto, mas sobre as repercussões da falta de acesso”, diz ela, referindo-se às 47 mil mortes que a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima por ano, decorrente de práticas clandestinas em países que proíbem a prática.

Exposição de Laia Abril, em Paris.
Exposição de Laia Abril, em Paris. Patricia Moribe

A exposição, com apoio da ONG Médicos Sem Fronteiras, traz as fotos que Laia apresentou no Festival de Arles, no sul da França, em 2016, além de novas instalações e vídeos.

Abortos com cabide e agulhas de tricô

Objetos usados em abortos, exposição de Laia Abril, em Paris.
Objetos usados em abortos, exposição de Laia Abril, em Paris. Laia Abril

As fotos vão desde o histórico da contracepção, com a imagem de um preservativo antigo, feito com bexiga de peixe-gato de um museu austríaco, até entrevistas com mulheres que relatam a experiência com o aborto e fotos de objetos e práticas abortivas, como chás, agulhas de tricô e cabides.

Instalação com cabides, de Laia Abril.
Instalação com cabides, de Laia Abril. Patricia Moribe

O Brasil aparece em várias partes da exposição. “É um dos países onde há mais mortes entre os 47 mil óbitos por causa de abortos clandestinos”, diz Laia. “Temos um painel com os retratos de nove mulheres pelo mundo, ao longo dos anos, que morreram por falta de acesso ao aborto. Entre elas, há duas brasileiras, pois para mim era importante mostrar como a morte nesse aspecto é grave no país”, explica.

Mostra fala sobre médicos que denunciam mulheres que abortam.
Mostra fala sobre médicos que denunciam mulheres que abortam. Laia Abril

Laia também descobriu uma carta de uma brasileira, de 1920, em que ela diz ao namorado que vai fazer o combinado, ou seja, “o aborto”. Ela diz que tem medo de morrer. “E é o que aconteceu”, conta a artista. O Brasil também aparece na parte que fala sobre médicos que denunciam mulheres, figurativamente através de uma foto de um leito hospitalar com uma algema.

Temor com novo governo brasileiro

A respeito do novo governo que vai tomar posse no Brasil, Laia Abril não esconde a apreensão. “Estou aterrorizada. Não sei como isso é possível. Não bastasse as questões de racismo, de pobreza, das políticas que ele [Jair Bolsonaro] tem em mente, que são completamente absurdas a nível de direito das mulheres, não sei como pode ser pior que isso. Me dá muito medo”, diz Laia Abril.

O livro “On Abortion”, com as fotos da mostra, recebeu o prêmio de melhor photobook da Paris Photo, feira internacional de fotografia que aconteceu no início de novembro. A mostra “Aborto, uma Vulnerabilidade Mundial” fica em cartaz na Maison des Métallos, em Paris, até 9 de dezembro.

Mulheres testemunham sobre experiência de aborto clandestino.
Mulheres testemunham sobre experiência de aborto clandestino. Laia Abril

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