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Rendez-vous cultural

Japonismos 2018 destaca na França o melhor da cultura nipônica

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Uma forte admiração mútua liga França e Japão. Os dois países comemoram neste ano 160 anos de relações diplomáticas. Para marcar a data, uma agenda com o melhor da cultura japonesa vai desfilar pela França até fevereiro de 2019.

Os eventos do "Japonismes" acontecem de julho de 2018 até fevereiro de 2019
Os eventos do "Japonismes" acontecem de julho de 2018 até fevereiro de 2019 japonismes.org
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A temporada seria oficialmente aberta pelo primeiro-ministro Shinzo Abe em Paris, que teve de cancelar sua vinda à França por causa das catástrofes recentes provocadas por fortes tempestades. Abe seria inclusive o convidado de honra de Emmanuel Macron no desfile militar de 14 de julho.

O espírito japonês, no entanto, vem dando a tônica para vários eventos na França, desde o início do ano. No Festival de Histórias em Quadrinhos de Angoulême, no sudoeste da França, em janeiro, o Japão já era o tema, com uma grande exposição sobre a obra de Osamu Tezuka. O músico Ryuichi Sakamoto se apresentou em março na capital francesa.

O artista plástico Foujita (1886-1968), um grande apaixonado pela França, onde viveu boa parte da vida, é tema de uma retrospectiva em janeiro de 2019. Ele também foi tema de outra retrospectiva recente que foi até o último dia 15 de julho, no museu Maillol.

Léonard Foujita, Auto-Retrato, 1929, Museu Nacional de Arte Moderna, Quioto.
Léonard Foujita, Auto-Retrato, 1929, Museu Nacional de Arte Moderna, Quioto. © Fundação Foujita / Adagp, Paris, 2018

“França é a melhor amiga da cultura japonesa”

O termo “japonismo” remete à primeira onda de fascinação de artistas franceses pela arte nipônica, no final do século 19, principalmente por objetos e estampas japonesas. Van Gogh, por exemplo, era um ávido colecionador – tinha mais de 400 estampas – e transpunha a inspiração em suas próprias obras. Mas assim como Manet, outro apaixonado pela leveza das gravuras ukiyo-ê, o pintor holandês nunca pôs os pés na terra do sol nascente.    

“A França é a melhor amiga da cultura japonesa. Há muito respeito mútuo. O povo francês conhece a nossa produção muito bem. Além disso, a França é uma espécie de centro artístico do mundo. Então vamos mostrar, de novo, a diversidade da cultura japonesa para os franceses e também para um público internacional”, diz Tomoaki Shimane, vice-presidente da Casa da Cultura do Japão em Paris (MCJP, na sigla em francês), organismo organizador do evento.

Shimane também explica que a admiração é mutua. “Desde a abertura do país ao ocidente, há 150 anos, a admiração pela cultura francesa é grande. Aprendemos muita coisa sobre a arte, a literatura e a música da França”.

Banho de espuma

“Fukami, um mergulho na estética japonesa”, um dos carros-chefes da programação é uma verdadeira viagem de sensações visuais, com relíquias artísticas em contraponto com interpretações ocidentais, feitas por Picasso e Gauguin, por exemplo. A exposição também traz o privilégio de conhecer ou rever boa parte das "36 vistas do monte Fuji", do artista Hokusai. A viagem termina num mundo de espumas em mutação, tudo controlado por computadores. A instalação “Foam” (espuma), de Kohei Nawa, foi exibida em São Paulo, no ano passado.

"Foam", ou "Espuma".
"Foam", ou "Espuma". Tetsuo Ito 2016 Aichi Triennale Organizing Committee

“Nessa exposição há dois elementos, o tradicional e o contemporâneo. O objetivo foi mostrar não só a continuidade, mas como os dois elementos coabitam, o tradicional e o contemporâneo”.

A imersão cultural promete. Na parte de espetáculos, o teatro e a música tradicionais estarão presente com peças kabuki, nô, bunraku, concertos de tambores e shamisen. A Philarmonie de Paris vai apresentar um espetáculo de gagaku, música da corte ou musica sagrada da era Heian, século 8 a 12.

Nô e Kyôgen.
Nô e Kyôgen. Aoi no Ue ©Yoshihiro Maejima

Também na música, moderno e contemporâneo se mesclam, com novas leituras e invenções. Os espetáculos tecno estão no programa, incluindo uma apresentação da cantora virtual Hatsune Miku, em turnê europeia de verdade.

Estruturas

Na arquitetura, o destaque vai para uma retrospectiva do arquiteto Tadao Ando, 76 anos, um dos grandes nomes da arquitetura mundial, prêmio Pritzker, o mais importante da categoria, em 1995. A mostra acontece no Centro Pompidou de outubro até o final do ano. No Louvre, Kohei Nawa, o mesmo da espuma eletrônica, instalou um gigantesco trono dourado flutuando na abóboda da pirâmide projetada por Ieoh Ming Pei.

"Trono", de Kohei Nawa, no Louvre.
"Trono", de Kohei Nawa, no Louvre. ©-Kohei-Nawa--SANDWICH-Inc

Os eventos do Japonismos 2018 também vão incluir um outro eixo, sobre “a arte de viver”, com workshops e palestras sobre a cozinha japonesa, o sakê, o chá, o ikebana, e também sobre a cultura zen.

Zen Week_坐禅
Zen Week_坐禅 Nishimura Egaku

A programação completa de Japonismes 2018, em japonês, inglês e francês, está no site japonismes.org

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