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RFI Convida

Teatro do Oprimido de Paris remonta peça de Boal e questiona Brasil atual

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Acontece neste momento em Paris o festival Migr’Actions, organizado pelo Teatro do Oprimido, fundado na França pelo dramaturgo brasileiro Augusto Boal em 1979. Esta edição 2018 homenageia a América Latina e apresenta nesta quinta-feira (5) a peça “A lua muito pequena e a caminhada perigosa”, montada por Rui Frati, o diretor do Teatro do Oprimido e entrevistado do RFI Convida desta quarta-feira (4).

O diretor do Centre du Théâtre de l'Opprimé de Paris, Rui Frati.
O diretor do Centre du Théâtre de l'Opprimé de Paris, Rui Frati. RFI/Adriana Brandão
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Rui Frati dirige o Centre du Théâtre de l'Opprimé, que utiliza a técnica desenvolvida por Augusto Boal nos anos 1960/1970 para questionar relações de poder e formas de opressão, desde 1998. Em 2005, ele lançou o festival Migr’Actions que acontece sempre no início do verão europeu. O trocadilho do nome visa associar duas preocupações da companhia teatral, “a questão da mobilidade das pessoas, que é um direito que não é respeitado, com a ideia de ação. Trabalhamos muito com a noção de espect’atores, de pessoas que estão assistindo sentadas, mas estão prontas a entrar em ação”, explica o diretor.

A edição 2018 começou no dia 28 de junho e termina no próximo domingo (8), com a apresentação de uma peça encenada em conjunto por detentos e atores do Teatro do Oprimido e considerada por Rui Frati como “talvez a experiência de maior importância do festival”. Entre os destaques, está a peça “A lua muito pequena e a caminhada perigosa” que, restitui a Feira Paulista de Opinião quando, há 50 anos, Boal num ato de desobediência civil, contra a censura, perguntava ao público: o que você acha do Brasil de hoje?

“A peça é uma colagem com vários textos de autores latino-americanos, Neruda e Cortázar, e fala do julgamento do Che Guevara na Bolívia”, conta Rui Frati. “Ela é extremamente atual. Certas coisas que estão acontecendo hoje já se anunciavam 50 anos atrás, como a relação do colonizador com o colonizado (…) De como as pessoas são manipuladas para entenderem a verdade do poder e não a verdade do que está acontecendo realmente. Muito parecido com o que está acontecendo no Brasil. Toda essa gente manipulada que agora está percebendo o buraco no qual estamos entrando.”

Técnica do teatro do oprimido

Questionado se a técnica do teatro do oprimido, criada durante a ditadura militar no Brasil, contra a opressão política e a censura, ainda é pertinente, o diretor é categórico em sua resposta positiva. “As opressões continuam a existir. O próprio Boal quando chegou à Europa percebeu que ele tinha que alargar a noção do que é opressão. (…) Hoje, nós estamos trabalhando muito nas prisões sobre a radicalização, sobre como prever e como talvez encontrar caminhos antes das pessoas caírem numa situação sem retorno. Sem falar no gênero, na opressão homem/mulher/homossexual. A opressão continua e nós continuamos ativíssimos.”

O festival Migr’Actions acontece no Teatro do Oprimido, na 78/80 rue du Charolais
75012 Paris.

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