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Cultura

Museu do Louvre de Abu Dhabi é novo destino cultural perto de Dubai

O Museu do Louvre de Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, a 130 km de Dubai, abre as portas ao público neste sábado (11), depois de passar dez anos em construção. Este será o primeiro museu do mundo árabe a retraçar 3.000 anos de história da humanidade, através de suas diferentes culturas e civilizações.

Visitantes caminham nos corredores do Louvre Abu Dhabi sob a suntuosa cúpula de aço e vidro que produz a chuva de estrelas.
Visitantes caminham nos corredores do Louvre Abu Dhabi sob a suntuosa cúpula de aço e vidro que produz a chuva de estrelas. Reuters
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O projeto do Louvre Abu Dhabi é assinado pelo premiado arquiteto francês Jean Nouvel. Ele foi feito em parceria com a arquiteta libanesa Hala Wardé, uma ex-aluna tão brilhante quanto discreta, responsável pela execução das obras.

O francês é autor de projetos famosos como o Instituto do Mundo Árabe, em Paris, a Torre Agbar, em Barcelona, e a futura Torre Rosewood, em São Paulo. Jean Nouvel desenhou o primeiro esboço do Louvre Abu Dhabi em 2006, durante uma viagem de trem ao lado de Hala Wardé. O resultado é um conjunto de 55 edifícios, com 8.600 metros quadrados de galerias que lembram uma "medina", a cidade árabe típica da Idade Média, em dimensão ampliada. As salas de exposição são como "casas", interligadas por corredores inundados de sol.

Cúpula de aço e vidro

Ao entrar no museu, os olhos do visitante são logo atraídos pela imensa cúpula de aço e vidro, de 180 metros de diâmetro, composta por quase 8.000 estrelas intercaladas em oito camadas. Essa estrutura grandiosa permite que a luminosidade chegue até o interior das instalações, criando o efeito de uma "chuva de estrelas", projetada nas paredes e no solo. Onipresente, a cúpula glorifica a arquitetura árabe, baseada na geometria e na luz.

As metáforas estão em toda parte. A cidade árabe recriada por Jean Nouvel combina inspirações tradicionais de uma medina, com inovações contemporâneas. O efeito visual da "chuva de estrelas" faz alusão aos povos nômades que atravessam os desertos da região, tendo os astros como guia.

Definindo-se como um arquiteto contextual, Jean Nouvel diz ter criado um projeto que enaltece a idade de ouro islâmica. "Meu desejo é que esse museu pertença à cultura local", explica o francês. O curioso é que o conjunto arquitetônico gigantesco, construído com uma estrutura de cimento de fibras, aço e vidro, quase tão pesada quanto a Torre Eiffel, parece flutuar nas águas da ilha de Saadiyat (ilha da Felicidade, em português), distrito cultural de Abu Dhabi.

Dez anos após o início da epopeia, ficaram para trás as horas de discussões técnicas para superar os desafios de instalar essa cidade-museu, de 97 mil metros quadrados, em um local inóspito: uma ilha arenosa do Golfo Pérsico. Em Saadiyat, a temperatura pode ultrapassar 40°C à sombra, em boa parte do ano, e o local está sujeito a tempestades de areia e ondulações marítimas, provocadas pelo tráfego de navios no Golfo.

Um museu diferente

O conceito de museu "universal" atribuído ao Louvre Abu Dhabi vem de sua vocação: apresentar uma narrativa da humanidade. A instituição que mostrar um destino em comum de culturas e civilizações, desde a pré-história até a época contemporânea, sem que as obras estejam agrupadas por estilo, o que é o mais frequente.

A coleção, composta de cerca de 600 obras, é apresentada em linha cronológica, num percurso estruturado em 12 capítulos, como se o visitante folheasse um livro ilustrado de história. Cada sequência mostra um momento significativo da evolução da humanidade: o nascimento dos primeiros vilarejos, as primeiras potências, as religiões universais, a civilização industrial, a globalização.

Pouco mais de 300 obras foram emprestadas pelo Louvre de Paris e outros museus franceses (Orsay, Pompidou, Guimet, Branly, entre outros); o restante foi adquirido pelas autoridades dos Emirados nos últimos anos.

Essa organização rompe com a concepção estética adotada pela maioria das instituições americanas e europeias. O que vai surpreender alguns visitantes – e esse é o objetivo – é encontrar na mesma sala objetos de civilizações diferentes, que apresentam um aspecto em comum, sem que se saiba a razão.

Um exemplo, entre outros, são três estátuas de cerâmica, uma realizada na Guatemala, outra na África e a terceira feita por um artista etrusco. Todas datam da mesma época – 300 anos antes de Cristo –, mas ninguém consegue explicar suas incríveis semelhanças.

Da Vinci é exibido pela primeira vez

Pela primeira vez, uma obra do pintor italiano Leonardo da Vinci – La Belle Ferronnière (1490 - 1495) – é exibida num país árabe. O ministro da Cultura e do Turismo dos Emirados, Mohamed Khalifa Al Mubarak, diz com orgulho que "é em Abu Dhabi que estão expostos um Monet, um Rothko, um Jackson Pollock e um Vang Gogh, sem falar de outros objetos preciosos de arte islâmica, antiguidades chinesas e japonesas". "Quem ousaria imaginar algo semelhante dez anos atrás", questiona o ministro.

A sala dedicada à arte contemporânea é uma antologia de culturas, com obras do chinês Ai Weiwei, do senegalês Omar Ba e da saudita Maha Mallula.

Exposições temporárias

Anualmente, o Louvre Abu Dhabi irá apresentar quatro exposições temporárias, concebidas e organizadas com equipes dos museus franceses parceiros no empréstimo de obras. Além das áreas de exposição, o complexo ainda conta com um museu pedagógico para crianças, um auditório com capacidade para 250 pessoas, restaurantes, um café, uma butique e um centro de pesquisas.

Até domingo (12), a Pirâmide do Louvre em Paris projeta imagens poéticas do novo Louvre Abu Dhabi, um espaço cultural da maior importância em uma região marcada por guerras e tensões religiosas. As autoridades árabes e francesas superaram grandes obstáculos para a concretização desse projeto, acreditando no diálogo entre as civilizações e nas expressões artísticas de todas as regiões do mundo.

Ao inaugurar o museu na quarta-feira (8), o presidente francês, Emmanuel Macron, disse que o mundo necessita mais do que nunca de educação e cultura para combater o obscurantismo. "Este museu é uma ponte entre as civilizações e as religiões", afirmou o francês.

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