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Rendez-vous cultural

Aos 75 anos, Raymond Depardon promove novo filme, livro e mostra no Rio

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O fotógrafo, escritor e cineasta Raymond Depardon está promovendo seu 21° longa-metragem, “12 Jours” (12 Dias, em tradução livre), em cartaz na França. No meio tempo, ele também faz tardes de autógrafo de seu mais novo livro de fotos, “Traverser” (Atravessar), que acompanha uma mostra na Fundação Henri Cartier-Bresson, em Paris. O prolífico artista é um dos grandes nomes da imagem na França, parte da história da fotografia mundial.

Glasgow, Escócia, 1980.
Glasgow, Escócia, 1980. © Raymond Depardon / Magnum Photos
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Suas imagens também estarão no Rio, de 1° de novembro até 22 de janeiro de 2018, no Centro Cultural Banco do Brasil. Trata-se da mostra “Un moment si doux” (Um momento tão doce), apresentada com grande sucesso de público e crítica em Paris, em 2014/2015, no Grand Palais. Longe de guerras e conflitos, a exposição reúne apenas fotos coloridas, 165 instantes clicados entre 1950 e 2013, em grande formato. Trata-se de uma oportunidade única de imersão em um dos mundos desse extraordinário artista.

Hospital Psiquiátrico Collegno, Turim, Itália, 1980
Hospital Psiquiátrico Collegno, Turim, Itália, 1980 © Raymond Depardon / Magnum Photos

Já em seu mais novo filme, “12 Jours”, apresentado no último festival de Cannes, Depardon volta pela terceira vez ao mundo da psiquiatria, depois dos documentários “San Clemente”, filmado em uma instituição em Veneza, e “Urgences”. Desta vez, são pacientes cara-a-cara diante de juízes que vão decidir o destino de pessoas afetadas por problemas mentais de todos os tipos. Depardon fala sobre a loucura:

 

“Tive uma infância feliz, com pais amorosos. Nada que me remeta ao tema da loucura, mas talvez dentro de mim exista um medo primário de ficar preso, de perder a liberdade que temos todos os dias, de decidir o que queremos fazer. Essa necessidade de liberdade vem da minha terra natal, no meio rural. Um camponês é como um nômade, um artesão, alguém que gosta de ser livre. Daí eu pensei, se um dia eu perder a razão, vou ser obrigado a me isolar, a me afastar da sociedade. É uma espécie de medo, pois se os doentes mentais são internados, é porque temos medo deles”.

Ferme de Garet, quarto dos pais, 1984.
Ferme de Garet, quarto dos pais, 1984. © Raymond Depardon / Magnum Photos

Respeito à loucura

O artista também cita Foucault, um grande pensador da loucura: “De homem a homem verdadeiro, o caminho passa pelo homem louco. É dessa forma que podemos ser generosos e fortes.  Pode ser na África ou em Paris. Diante de uma pessoa desequilibrada, é preciso ser prudente, nada de gestos bruscos. Talvez até o contrário, um sorriso, pois são pessoas em estado de sofrimento, não sei. De qualquer forma, não se pode julgar, nem reprovar com o olhar”. 

Raymond Depardon assina ainda uma exposição na Fundação Henri Cartier-Bresson, em Paris. “Traverser” traz imagens escolhidas a dedo para traçar um rascunho do percurso extraordinário do artista, indo da simples e plena felicidade de retratos na fazenda dos pais, passando por suas viagens, por desertos e conflitos – armados ou da alma. O fio condutor são textos que complementam as fotos, filmes e documentos. Visitar “Traverser” é viajar, é se questionar, é imaginar.

Ilhas Dahlak, Eritreia, 1995.
Ilhas Dahlak, Eritreia, 1995. © Raymond Depardon / Magnum Photos

Ianomâmi

A mostra é acompanhada por um livro e por conta dele Depardon cumpre outra apertada agenda de promoção. Numa tarde de sábado, muitas pessoas se apinham na simpática “Folies d’Encre” (Loucuras de Tinta), em Montreuil, subúrbio de Paris, uma simpática livraria do tipo que resiste às grandes cadeias como Fnac, para uma sessão de autógrafos. Antes, ele conversou com o público e falou sobre a experiência com os ianomâmi, que ele visitou algumas vezes:

"A princípio eu não queria ir, sou um homem do deserto, tinha medo da floresta. É um povo formidável, eu estava acompanhado de um grande etnólogo francês [Bruce Albert], que fala a língua fluentemente. Depois voltei com Claudine [Nougaret, mulher e colaboradora de Depardon] para filmar e fizemos uma sequência muito bonita de mulheres ianomâmi. Foi Claudine quem disse, “falamos sempre com os homens, porque não falar com as mulheres”. Houve um momento de pânico, inclusive entre caciques, que tinham medo que elas falassem besteira. Daí vieram duas mulheres com seios à mostra, que falaram, foi magnifico”.

A mostra “Un moment si doux”, de Raymond Depardon, fica em cartaz no Rio até o dia 22 de janeiro.

Metrô Avenue du Président-Kennedy, Paris 16° distrito, 1997.
Metrô Avenue du Président-Kennedy, Paris 16° distrito, 1997. © Raymond Depardon / Magnum Photos

 

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