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Rendez-vous cultural

Filmes brasileiros concorrem em várias categorias no festival de cinema de Biarritz

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A cidade de Biarritz, no sudoeste da França, é palco de um dos principais festivais de cinema latino-americano até domingo (1°), o Festival Biarritz América Latina. Nesta 26ª edição do evento, o convidado de honra é a Colômbia, mas Argentina, Chile, Venezuela e o Brasil têm representantes de peso. Cineastas brasileiros levam fortes concorrentes para as categorias de longa e curta-metragens e documentário.

O longa "As Boas Maneiras", de Juliana Rojas e Marco Dutra, é exibido nesta sexta-feira (29) no festival de cinema de Biarritz.
O longa "As Boas Maneiras", de Juliana Rojas e Marco Dutra, é exibido nesta sexta-feira (29) no festival de cinema de Biarritz. @festivaldebiarritz.com
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Os primeiros dias do evento foram marcados pelo tom político do cinema latino-americano atual, especialmente incentivado pelo início do processo de paz na Colômbia – uma característica que, segundo o diretor do festival, Jacques Arlandis, agrada o público de Biarritz.

“Temos um público fiel, que já conhece o cinema latino-americano e que é exigente. São pessoas que apreciam os filmes da América Latina, que viajaram e que têm uma relação especial com o cinema desta região. Tentamos, a cada ano, renovar as propostas e as temáticas para incitar os debates e as discussões. Afinal, a função do cinema também é essa: incomodar um pouco.”

Entre as produções intrigantes, Arlandis destaca o thriller brasileiro "As Boas Maneiras", dos diretores Marco Dutra e Juliana Rojas. Concorrente na categoria de melhor longa-metragem em Biarritz, ele conta a história da Clara (Isabél Zuaa), uma jovem enfermeira da periferia, contratada para ser a cuidadora de Ana (Marjorie Estiano), jovem rica, mas deserdada pela família devido a uma gravidez inesperada.

“É um filme muito particular na nossa seleção de longas-metragens. Eu fiz questão de propor ‘As Boas Maneiras’ ao público. Essa será a primeira vez no festival de Biarritz que teremos um filme de lobisomem e estou muito curioso para saber qual será a reação das pessoas!”, diz.

Foi justamente a reação do público que marcou as projeções do documentário "O Som dos Sinos", das diretoras Marcia Mansur e Marina Tomé. Concorrente em sua categoria, o filme retrata a vida de sineiros, alguns deles crianças e adolescentes, em nove cidades de Minas Gerais - uma representação poética e visual da experiência religiosa na vida das pessoas.

Em entrevista à RFI, Marcia Mansur contou que o filme suscitou debates devido à surpresa do público ao descobrir essa particular atividade, a insegurança intrínseca ao trabalho dos sineiros e a baixa idade de alguns deles.

“As duas sessões foram seguidas de debates, com muitas perguntas especificamente sobre o universo dos sineiros, especialmente sobre os adolescentes. É realmente uma atividade perigosa, eles sobem nas beiradas das torres para tocar os sinos. Na sessão de quarta-feira (27), uma pessoa manifestou sua preocupação e criou-se uma certa polêmica entre os que defendiam a poesia do filme e essa pessoa que questionou a inexistência de leis para proteger essas crianças.”

Para a diretora, os debates são válidos. “O filme levanta discussões. Porque, embora o ofício do sineiro seja reconhecido como patrimônio material, a situação das torres é muito precária. Então, os espectadores passaram um bom tempo falando sobre isso e defendendo seus pontos de vista”, reitera.

O curta-metragem "Postergados", que será exibido nesta sexta-feira (29), também promete surpreender o público. Em língua espanhola, com atores argentinos, mas rodado em Porto Alegre, o filme aborda a temática da morte.

“Postergados é sobre pessoas e a relação delas com suas próprias vidas e próprias mortes. Na verdade, é uma provocação sobre coisas nas quais a gente acredita por superstição e coisas nas quais a gente não acredita, mas que acabam se tornando verdadeiras”, explica a diretora Carolina Markowicz.

A cineasta decidiu rodar o filme em espanhol devido à escolha pelo ator principal da produção, o argentino César Bordón. Outra particularidade é o local onde a trama se passa, Porto Alegre, embora Carolina seja de São Paulo e não querer que a cidade palco de Postergados pudesse ser reconhecida pelo espectador.

“Essa escolha foi feita por uma questão de logística. Eu nunca havia filmado em Porto Alegre, mas foi muito interessante. Independente disso, eu não queria que a localização fosse um aspecto importante. O filme é sobre pessoas, não sobre um lugar” específico, completa.

A participação brasileira no Festival Biarritz América Latina não termina por aí. Na categoria de curta-metragem também concorre "Alcibíades", do maranhense Breno Nina. No páreo dos documentários, está "Cine São Paulo", de Ricardo Martensen e Felipe Tomazelli. E, para fechar o festival com chave de ouro, os organizadores escolheram o longa "Não Devore Meu Coração", de Felipe Bragança para encerrar o festival.

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