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Rendez-vous cultural

Antigo prédio ocupado no centro de Paris vira polo artístico internacional

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Um prédio no centro de Paris é uma galeria de arte diferente, com artistas do mundo todo ocupando seis andares com ateliês de todo o tipo de arte: pintura, gravura, colagem, música, fotografia. É o 59 Rivoli.

O coletivo 59 Rivoli tem sede em um prédio no centro de Paris.
O coletivo 59 Rivoli tem sede em um prédio no centro de Paris. Foto: Patricia Moribe
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A história do 59 Rivoli começa em 1999, com a ocupação ilegal de um imóvel vazio em pleno centro de Paris, numa das ruas comerciais mais movimentadas da capital francesa, a Rue de Rivoli, por um pequeno grupo de artistas. Gaspard Delanoë fez parte do grupo inicial:

“Na época havia muitos espaços vazios em Paris, já era difícil para um artista se estabelecer na cidade, pois os alugueis eram muito caros, e hoje, ainda mais. Muitos artistas não tinham como manter um ateliê e então decidimos protestar, formando um grupo de artistas ocupadores. Ocupamos o prédio e o objetivo era transformar o espaço num local de arte total. O edifício estava completamente abandonado há oito anos, com janelas quebradas, pombos mortos em todos os andares, com muito lixo de outros ocupantes, como mendigos e drogados. Levamos um mês e meio para limpar tudo, pintar e organizar os ateliês. Desde o começo a demanda foi muito grande, muitos artistas se instalaram aqui. Decidimos manter um espaço aberto para o público, sem saber por quanto tempo, mas usando o local, de grande visibilidade, para mostrar o nosso combate”.

Paisagem recortada em papel dentro de bule, obra de Ayumi Shibata, no 59 Rivoli.
Paisagem recortada em papel dentro de bule, obra de Ayumi Shibata, no 59 Rivoli. Foto: Patricia Moribe

O proprietário do prédio, o Estado francês, processou os ocupantes, que obtiveram um prazo de oito meses para deixar o local. “Foi a salvação”, conta Delanoë, pois esse período foi em plena campanha eleitoral municipal. A questão virou promessa de campanha da oposição socialista, que ganhou as eleições depois de um reinado de 70 anos da direita. O grupo foi logo cobrar a promessa e a nova prefeitura socialista, de Bertrand Delanoë (o sobrenome é uma coincidência), foi ponta firme e comprou o prédio do Estado. 

Os ocupadores tiveram de sair do edifício para os trabalhos de reforma e voltaram em 2009, legalmente, com estrutura de ONG e muita organização.

O 59 Rivoli acolhe hoje 30 artistas, sendo que 16 são residentes temporários. Um artista de qualquer parte do mundo pode se candidatar. Se escolhido, têm direito a um espaço durante três meses, por €150 por mês. O contrato pode ser renovado por outros três meses. Há também um espaço de exposição no térreo, “que custa €250 euros numa área da cidade onde isso vale €10 mil”, explica Gaspard Delanoë. “Hoje em dia o artista não pode viver no local e uma das obrigações é a sua presença no local, para interação com o público”, acrescenta.

A ONG se mantém com o aluguel dos artistas, doações de visitantes e parcerias eventuais. “Não há subsídios”, conta Gaspard Delanoë. “Temos a política de maior abertura para o exterior possível, tendo como referências principais a liberdade, a diversidade, a paridade entre homens e mulheres. Também tentamos equilibrar as práticas, entre pintura, escultura, vídeo, performances, atividades diferentes", acrescenta.

O artista francês Jérôme Duprat faz parte do coletivo 59 Rivoli.
O artista francês Jérôme Duprat faz parte do coletivo 59 Rivoli. Foto: Patricia Moribe

O artista Jérôme Duprat participou da fase inicial do grupo e agora está de volta ao 59 Rivoli. O dia-a-dia coletivo é uma das vantagens, segundo ele. "A vida de artista é muito solitária e fazer parte de um grupo tem repercussões positivas", explica.

O americano James Purpura diante de seus quadros no 59 Rivoli.
O americano James Purpura diante de seus quadros no 59 Rivoli. Foto: Patricia Moribe

“Você vivencia a impressão de três mil pessoas por semana diante do seu trabalho", relata o americano James Purpura. "Se você trabalha em casa, num estúdio, só vai ver a reação das pessoas durante uma exposição. Aqui é algo imediato”.

A colombiana Yenny Paola Ardila em momento de criação no 59 Rivoli.
A colombiana Yenny Paola Ardila em momento de criação no 59 Rivoli. Foto: Patricia Moribe

“Os intercâmbios com as pessoas são diários e isso me faz avançar muito no meu trabalho", conta a colombiana Yenny Paola Ardila. "São do ramo da medicina, da botânica, ou pessoas que não entendem muito de arte, tudo isso me faz avançar com passos gigantes", diz a artista.

O 59 Rivoli está aberto ao público toda a semana, menos na segunda-feira, de 13h a 20h. A entrada é gratuita. Bom passeio!

O coletivo 59 Rivoli acolhe 30 artistas.
O coletivo 59 Rivoli acolhe 30 artistas. Foto: Patricia Moribe

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