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Em Locarno, diretora Juliana Rojas apresenta filme sobre lobisomem em São Paulo

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“As Boas Maneiras”, longa-metragem assinado por Juliana Rojas e Marco Dutra, é um dos representantes brasileiros no Festival de Cinema de Locarno, na Suíça. A diretora fala sobre o novo filme da dupla em exclusividade para a RFI Brasil.

A cineasta Juliana Rojas.
A cineasta Juliana Rojas. Locarno Festival/ Silas Vanetti
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“As Boas Maneiras” é um fábula moderna que se passa na cidade de São Paulo e conta a história da Clara, uma jovem enfermeira da periferia, contratada para ser a cuidadora de Ana e, depois do parto, ser a babá do bebê. O filme, que junta terror e suspense, também tem lobisomem na trama.

“Desde os trabalhos iniciais que fiz com o Marco, a gente sempre trabalhou com elementos de gênero, com elementos de fantasia, de sobrenatural nas histórias, mas num universo mais realista”, conta Juliana Rojas. Ela cita como exemplo o primeiro longa da dupla, “Trabalhar Cansa”, que teve estreia em Cannes, em 2011. “O filme começa muito naturalista e, aos poucos, vai assumindo o código de gênero e ficando mais denso.

Cidade de fábula

Juliana conta que os diretores queriam desde o início construir um universo fantástico para “As Boas Maneiras”, tendo como cenário de confrontação a cidade de São Paulo. “É muito importante o referencial de São Paulo, o tipo de geografia da cidade”, em contraste com “o aspecto de fantasia, como se a gente estivesse retratando uma cidade de fábula”.

“São Paulo é uma cidade muito interessante, onde dá para se fazer diversos tipos de histórias, porque tem muitos imigrantes e migrantes de outros Estados. É uma cidade desenvolvida, mas também com muita pobreza, muita desigualdade social. Um lugar muito rico narrativamente”, diz a diretora.

Juliana Rojas e Marco Dutra se encontraram na Faculdade de Cinema da ECA-USP. Eles levaram dois curtas para Cannes: “Lençol Branco” (2004) e “O Ramo” (2007, premiado na Semana da Crítica). “Apresentar ‘Trabalhar Cansa’ no Festival de Cannes foi uma experiência muito importante, é uma vitrine para o mundo, onde estão todos os curadores de festivais e um mercado importante. Foi uma experiência muito intensa”, conta Juliana.

Transgressões do corpo

A respeito da presença de um lobisomem, Rojas conta que o filme “fala de transgressões do corpo, de humano para besta, das transformações do corpo das mulheres durante a gravidez. “Para mim, desde o nascimento dele - mas isso depende da sensibilidade de cada um - só se vê uma criatura frágil, apesar de todo estrago feito, tentando respirar e esse primeiro contato que o bebê tem com a Clara, que é um olhar que tem uma conexão humana. Então, desde o nascimento da criatura, a gente tentou construir isso, o que fez a Clara ficar com a criança e criá-la”, relata a diretora.

“As Boas Maneiras” trata também da relação homossexual que se desenvolve entre mãe e babá. “A gente trabalhou muito próximo das atrizes em todo o processo, ensaiando, conversando muito sobre o propósito de cada passagem, fazendo improvisos para incorporar o que elas traziam para as cenas”, conta Juliana.

O Festival de Locarno acontece de 2 a 12 de agosto.

Para ouvir a entrevista completa clique na foto no alto da página

Equipe do filme "As boas maneiras": Marco Dutra (diretor), Marjorie Estiano (atriz), Juliana Rojas (diretora) e Isabel Zuaa (atriz).
Equipe do filme "As boas maneiras": Marco Dutra (diretor), Marjorie Estiano (atriz), Juliana Rojas (diretora) e Isabel Zuaa (atriz). Locarno Festival/ Silas Vanetti

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