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Festival de Cinema Brasileiro de Paris homenageia 50 anos do Tropicalismo

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O Festival de Cinema Brasileiro de Paris, que acontece de 20 a 27 de junho no cinema L’Arlequin (6° distrito), homenageia este ano o Tropicalismo, movimento que revolucionou e renovou a música brasileira com nomes como Torquato Neto, Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil, Os Mutantes e Tom Zé.

Katia Adler, diretor do Festival de Cinema Brasileiro de Paris
Katia Adler, diretor do Festival de Cinema Brasileiro de Paris Divulgação
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“Tenho a alegria de ter selecionado o documentário ‘Rogério Duarte, o Tropikaoslista’ (2015), que é recente. Ele foi o inventor, o pai do tropicalismo, é a referência de todos eles. O Caetano e o Gil dizem isso no filme. É um ponto alto do festival, para o público descobrir esse personagem”, diz Katia Adler, diretora do festival.

A produção, dirigida por José Walter Lima, retrata a trajetória de Duarte, morto no ano passado, uma das figuras mais importantes da Tropicália e também uma das menos populares. Artista plástico e agitador cultural, ele foi considerado por muitos um dos mentores intelectuais do movimento. Duarte também desenhou algumas das capas de discos mais famosas da época.

Outro filme relacionado ao tema é o documentário “Tropicália”, de Marcelo Machado, um panorama do movimento tropicalista, que também inclui artes plásticas, com Hélio Oiticica, cinema, com Glauber Rocha, e teatro, com o Grupo Oficina, de José Celso Martinez Corrêa. “É um filme maravilhoso de 2003, que estamos repetindo este ano", define Katia.

O festival abre e encerra com outros duas obras cinematográficas musicais. Às 20h30 do dia 20, o evento será inaugurado com a projeção de “Elis”, de Hugo Prata, cinebiografia da cantora Elis Regina, com presença do diretor. Já no encerramento, às 21h do dia 27, será exibido “Chico, Artista Brasileiro”, no qual o diretor  Miguel Faria Jr.  acompanha Chico Buarque na montagem de um show que fará com convidados, mostrando seu cotidiano, seu método de trabalho, seu processo criativo e sua trajetória.

Katia Adler, que também é a curadora do festival, conta que procurou um filme sobre Rita Lee, que participou do Tropicalismo com o grupo Os Mutantes, mas não encontrou. “Então eu peço para o cinema brasileiro para rapidamente fazer um filme sobre ela.”

Boa fase do cinema brasileiro

O Festival do Cinema Brasileiro de Paros apresenta 20 filmes no total, sendo 11 documentários e 9 ficções. “É excepcional isso, normalmente sempre há mais ficção do que documentário. Mas, por alguma razão, os documentários estão cada vez melhores, e isso é ótimo", analisa Kátia.

Entre os filmes em competição está “Gabriel e a Montanha”, que conquistou o público e a imprensa no Festival de Cannes, onde concorreu na Semana da Crítica. A obra levou o prêmio "Revelação France 4" e o prêmio da Fundação Gan para a difusão e deve estrear em agosto na França.

Outra produção é “Pra Ter Onde Ir”, primeiro longa-metragem da paraense Jorane Castro, conhecida pelo curta “Mulheres Choradeiras”, premiado no Brasil e na Europa. O novo filme, um “road movie” com três personagens femininos, foi filmado em Belém e Salinas, balneário no litoral do Pará.

Há ainda “Rio Mumbai”, de Pedro Sodré et Gabriel Mellin, que faz a estreia no festival, “Como Nossos Pais”, de Laís Bodanzky, e “Era o Hotel Cambridge”, de Eliane Caffé, entre outros. É o público que escolhe o vencedor, votando no final das sessões.

Katia cita esses diretores para falar de uma boa fase do cinema brasileiro. “A gente está em um caminho muito bom. Cada vez fazendo mais filmes para festivais internacionais, mas também para distribuição internacional e dentro do Brasil. É sempre um problema distribuir filmes de autor e independentes no nosso país. Há muitas salas sendo feitas, e eu espero que a gente consiga que este ano haja mais público no Brasil.”

Convidados e debates

A diretora do evento explica que esta edição está "um pouco menor" porque “tivemos problema de captação de recursos, é um momento complicado no Brasil”. Mas a tradição de trazer diretores, atores e produdores para debater com o público continua firme e forte. São 17 convidados no total.

Entre eles estão as cineastas Laís Bodanzky e Jorane Castro, os diretores Pedro Sodré e José Walter Lima e os jornalistas Sergio Rizzo e Patrick Strauman.

O festival também conta com um bar bem brasileiro, com caipirinhas e salgadinhos, e uma programação musical. “Eles acabam trazendo o público para a sala, esse é meu objetivo. Fico triste quando há algum problema, e o público não corresponde ao filme. E fico muito feliz quando tem muita gente. São 20 filmes, e os franceses e muitos brasileiros às vezes não sabem nada do que está se fazendo no país.”

Este ano haverá quatro apresentações musicais. Na abertura, uma hora antes da exibição de “Elis”, um grupo tocará bossa nova e MPB no hall do cinema. Já no dia 21, que é a Festa da Música na França, haverá uma batucada. Na noite do dia 24, a partir das 23, um baile de forró animará o público. E, para finalizar, uma roda de samba antes de “Chico, Artista Brasileiro”. “Vai ser o momento de confraternização”, finaliza.

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