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Cannes

Moda e cinema se encontram no tapete vermelho de Cannes

O 70° Festival de Cannes termina neste domingo (28). Durante dez dias a cidade da Riviera francesa viveu uma verdadeira maratona cinematográfica. Mas além celebrar a Sétima Arte, o evento é um momento único para a moda, quando as grifes fazem tudo para aproveitar a visibilidade no tapete vermelho.

Naomi Campbel e Nicole Kidman no tapete vermelho do Festival de Cannes.
Naomi Campbel e Nicole Kidman no tapete vermelho do Festival de Cannes. REUTERS/Stephane Mahe
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Enviado especial a Cannes

A história de amor entre a moda e Cannes não é de hoje. “Desde 1953, quando Brigitte Bardot foi fotografada pela primeira vez no Festival, ela usava um biquíni que deu o que falar”, lembra Pamela Church Gibson, autora do livro Fashion and Celebrity Culture. “Três anos mais tarde, o mesmo tipo de traje estava presente no figurino da atriz em “E Deus Criou a Mulher”. Esse filme fez dela uma estrela mundial e transformou o biquini em objeto de desejo”, analisa a professora do London College of Fashion.

Desde então, o Festival viu desfilar muitas modas pela Croisette, a avenida beira-mar de Cannes. Mas o evento também serviu de rito de passagem para muitas modelos em busca de legitimidade na carreira de atriz. Basta citar nomes como a italiana Monica Bellucci, mestre de cerimônia desta edição do festival, e a alemã Diane Kruger, presente em Cannes na competição oficial deste ano com o filme “In the fade”, de Fatih Akin, ambas figuras carimbadas do evento.

Mais visibilidade que os Jogos Olímpicos

Mas de uns anos para cá, Cannes deixou de ser apenas um local que lança tendências e talentos. O festival se tornou uma ferramenta de comunicação importante para as marcas de moda, que se deram conta do potencial de visibilidade do evento, que “em termos de diversidade e número de jornalistas, tem mais cobertura na mídia que os Jogos Olímpicos”, aponta frisa Olivier Thévénin, professor de sociologia na Universidade Sorbonne Nouvelle Paris 3 e autor do livro Sociologie d'une institution cinématographique.

“Estar presente em Cannes é uma vitrine de luxo e glamour para qualquer marca”, explica o estilista francês Patrick Boffa, que apresentava suas criações este ano durante o festival. “Mesmo se eu faço apenas alta-costura, com modelos únicos, um vestido usado durante o evento, principalmente no tapete vermelho, é a ocasião de ser visto por um número enorme de clientes potenciais. Cannes representa um verdadeiro impacto nas vendas”, garante.

Boffa faz parte dos estilistas independentes, que não possuem “embaixadoras oficiais”, como muitas maisons do grupo Kering ou LVMH, que assinam contratos para que celebridades usem seus produtos. Para estar em Cannes, ele se associou a uma assessoria de imprensa, que montou um showroom com várias marcas no Hotel Martinez. “Como somos uma grife iniciante, a única coisa que podemos fazer é adotar uma estratégia de sedução. Entramos em contato com os agentes ou diretamente com as atrizes e propomos nossas criações”, explica.

Redes sociais aceleraram o fenômeno

A imprensa sempre teve um papel essencial nessa engrenagem, divulgando as imagens das atrizes no tapete vermelho. Mas esse fenômeno se acelerou, principalmente graças às redes sociais. “Antes era preciso esperar dias para que as fotos das atrizes subindo as escadarias de Cannes fossem publicadas. Mas agora qualquer um pode produzir uma imagem com um simples telefone. As estrelas mal saíram do carro que, antes mesmo de chegarem ao tapete vermelho, suas fotos já estão circulando na internet”, resume Boffa.

Esse fenômeno, aliás, pode às vezes ofuscar o cinema, objetivo principal de Cannes. “Mesmo se Nicole Kidman estava presente em quatro produções este ano, o que mais teve cobertura da mídia foram seus vestidos”, ironiza Pamela Church Gibson. Principalmente quando a australiana cruzou a modelo Naomi Campbel no tapete vermelho, produzindo uma das fotos mais vistas desta semana em Cannes. Um verdadeiro símbolo dos elos entre a moda e o cinema.

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