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A Semana na Imprensa

Oscar para Moonlight marca vitória da luta contra homofobia em Hollywood

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A revista francesa l’Obs traz em sua edição desta semana uma análise sobre o que representa o Oscar de melhor filme concedido a "Moonlight – Sob a luz do luar". O texto explica que ao abordar a questão da homossexualidade, a produção não quebra um tabu, mas pode ser vista como uma vitória histórica.

O diretor de "Moonlight" Barry Jenkins celebra o Oscar de melhor filme.
O diretor de "Moonlight" Barry Jenkins celebra o Oscar de melhor filme. REUTERS/Danny Moloshok
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O filme dirigido por Barry Jenkins, que conta o processo de aceitação da orientação sexual de um jovem negro vindo de uma periferia pobre de Miami, é um dos grandes sucessos do ano, afirma a revista. L’Obs ressalta que todos os críticos saudaram a originalidade da trama. Afinal, falar da homossexualidade de um afro-americano não é frequente, frisa o texto.

O jornalista explica que mostrar homossexuais nas telas não é algo novo em Hollywood. A reportagem ressalta que, ao contrário do que pode se pensar, os primórdios da 7ª arte foram, inclusive, muito mais abertos sobre o assunto. Porém, a maneira de abordar a questão, principalmente na América puritana, nem sempre foi direta. A homossexualidade era proibida em todos os estados americanos até 1960, então não se falava abertamente do tema, lembra a revista.

No entanto, havia uma espécie de “homo sensualidade”, presente desde filmes como “The Gay Brothers”, em 1895, que mostrava dois homens dançando ao som de um violino, escreve l’Obs. Outro exemplo lembrado pela revista é o da cena final do filme “Asas” (Wings), de 1927. “Durante quatro longos minutos, os dois homens se acariciam o rosto e se beijam na boca, aos prantos”, conta a reportagem. “Mas será que os espectadores da época percebiam essa imagem da mesma maneira que a vemos hoje?”, se questiona o texto, fazendo alusão à sensualidade da cena. “De qualquer força, isso não impediu a produção de conquistar o primeiro Oscar de melhor filme da história do prêmio”, analisa.

Mas a abordagem do tema na trajetória do cinema é cheia de altos e baixos. Cinco anos após o sucesso de “Asas”, a cena final do filme certamente não poderia ter sido rodada, pondera l’Obs. Diante da crise, Hollywood se dobra ao “código de moral” imposto pelo político e pastor William Hays. Resultado: a homossexualidade desaparece das telas até os anos 1960.

A década de 1970 dá alguns sinais de abertura, com filmes como “Os Rapazes da Banda” (The Boys in The Band). Mais tarde, a descoberta da Aids acaba contribuindo para abordar o tema com “Filadélfia”, que conquista o grande público em 1993, até a chegada, em 2005, de “O Segredo de Brokeback Mountain”, a história de amor entre dois cowboys, “obra prima de Ang Lee, que marca uma mudança de era”, detalha l’Obs. Agora, ao escolher "Moonlight", Hollywood tenta combater a homofobia da qual o mundo do cinema foi cúmplice durante muito tempo, conclui a revista francesa l’Obs.

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