Julia Murat, cineasta: "O amor está sempre buscando um equilíbrio"
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Dos 12 filmes brasileiros selecionados no Festival de Cinema de Berlim deste ano (9 a 18 de fevereiro), "Pendular", da diretora carioca Julia Murat, foi o único laureado; Apresentado na mostra Panorama, o filme recebeu o prêmio da Federação da crítica internacional.
Este segundo longa de Julia, depois de "Histórias que só existem quando lembradas", mostra um casal que mora num galpão industrial e decide determinar o espaço de cada um com uma fita adesiva; de um lado, ela, bailarina, do outro, ele, escultor - uma história que fala de amor e espaço, explorando a fronteira que o casal tenta definir de forma precisa. A cineasta fala sobre a mensagem do filme: "Acho que é essencialmente a tentativa no amor de estar procurando um equilíbrio, uma igualdade, e a nossa incapacidade de ter essa igualdade, seja porque somos homens e mulheres, seja porque somos pessoas se relacionando, a gente está o tempo todo estabelecendo fronteiras de 50% e, na verdade, os 50% não existem. A gente tem que lidar com nossas diferenças e com o fato de que às vezes uma pessoa necessita de mais espaço do que outra", diz a diretora.
Com dois atores em cena, a dinâmica do movimento das cenas passeia entre dança, performance e teatro, proposta que encantou o júri em Berlim. "Meu trabalho com os atores foi muito cuidadoso; o trabalho com Raquel Karro, a atriz principal, durou quase um ano, entre ela começar a se preparar do ponto de vista físico, ela tinha acabado de ter um filho, então, voltou para as aulas de dança, a gente fez também uma pesquisa de coreografia durante dois meses com ela e o outro ator, e a Flavia Meirelles, a coreógrafa. Em seguida, ensaiamos, foi um trabalho muito cuidadoso, sempre tentando trazer o corpo deles e a história deles para dentro do filme", explica Julia, especificando que o roteiro foi escrito com eles [os atores] e a partir deles.
Receptividade na Berlinale
Sobre a reação da plateia do festival ao filme, Julia reflete que é sempre difícil saber exatamente o que o público sentiu. "É assim em qualquer festival, mas tem uma coisa bonita que eu senti em alguns "q & a" (perguntas e respostas entre cineastas e público depois da projeção do filme) e em algumas entrevistas, que é como as pessoas se relacionaram com o fato de serem dois artistas ali, de verdade, sem romantismo, se colocando, mostrando que estavam ali trabalhando mais do que qualquer coisa, não foi uma inspiração que veio do nada, a gente estava se dedicando e isso está na tela, eu acho".
Ouça a entrevista completa clicando acima em Ouvir.
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