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Louvre/Barroco

Louvre exibe Paris libertina do século 18

O quadro mostra uma casta freira ajoelhada, em posição de oração. Ela olha de soslaio para o lado, quase para trás, de onde um homem a espia, com a cabeça passando da janela. “Freira rezando” (1731), do sueco Martin van Meytens, é um dos destaques da mostra “Um Sueco em Paris no século 18”, em cartaz no museu do Louvre.

"Freira Rezando", do sueco Martin van Meytens.
"Freira Rezando", do sueco Martin van Meytens. RFI
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Mostra "Um Sueco em Paris no século 18", no Louvre.
Mostra "Um Sueco em Paris no século 18", no Louvre. RFI

No verso do quadro acima, uma outra pintura. A freira, agora, é vista por trás, com o hábito erguido, exibindo um rechonchudo derrière. Numa época sem internet e sem revistas pornográficas, esse tipo de imagem era colecionada por poucos e de maneira bem discreta. No caso, o embaixador sueco Carl Gustaf Tessin (1695-1770) mantinha a tela (e seu verso) na parede de seu lavabo.

Nascido em uma família abastada e amante das artes, principalmente tudo o que vinha da França, Tessin passa várias temporadas em Paris. Já na primeira vez, como estudante, ele compra seus primeiros desenhos. Depois, como estrategista, frequenta a corte de Versalhes, representando a Suécia. Paralelamente, ele aumenta sua coleção de arte e frequenta salões – libertinos ou refinados.

O acúmulo de dívidas forçou Tessin a se separar de seu tesouro a partir de 1749. A família real sueca adquiriu a maior parte da coleção de pinturas e desenhos, que incluía grandes mestres como Dürer e Rembrandt, e contemporâneos a quem Tessin encomendava obras, entre eles, os franceses Boucher e Natoire.

Mostra pincela gostos e modas da época

As peças, conservadas hoje pelo Museu Nacional da Suécia, em Estocolmo, dão uma ideia não só do gosto pessoal de Carl Gustaf, mas também uma amostra do que estava em voga na Paris dos anos 1730-1740 e como funcionava o mercado de arte da época.

As telas assinadas por Lancret, por exemplo, são como fotografias de época, de grupos de jovens animados, com belas mulheres de vestidos de seda rodopiantes e cavalheiros galantes. A sedução e a luxúria são palpáveis.

Entre os quadros mais famosos da coleção do aristocrata sueco estava a encomenda que fez ao francês Boucher e que ele guardou para o resto da vida, no qual duas jovens são retratadas na intimidade de uma toalete recatada, uma delas amarrando a cinta liga, cena considerada picante para a época.

Imagens que inspiram

Em meio aos quadros e alheios ao público, algumas pessoas se postam diante de uma ou outra tela, redesenhando a cena em questão. São alunos de um curso de desenho, me explica uma senhora, ao mesmo tempo em que continua a esboçar a freira em posição de oração.

“O objetivo não é reproduzir, mas fazer uma leitura própria, com estilo próprio”, acrescenta a aluna. Ela explica que escolheu o quadro para o exercício por causa da sutileza e malícia que ele exprime. “Muito mais que o lado de trás, com o traseiro da religiosa, que é muito explícito”, diz a desenhista amadora.

"A toalete", de François Boucher.
"A toalete", de François Boucher. © Museo Thyssen-Bornemisza, Madri

 

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