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Rendez-vous cultural

PJ Harvey volta a Paris para turnê do polêmico “álbum-reportagem”

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Subversiva e transgressora, a cantora e compositora PJ Harvey volta a Paris nesta sexta-feira (21) para a turnê de lançamento de seu novo álbum, "The Hope Six Demolition Project". O trabalho marca a fase política de PJ, que nos últimos anos vem se tornando uma crítica feroz aos governos ocidentais.

PJ Harvey durante festival de música Roskilde, na Dinamarca, em 30 de junho de 2016.
PJ Harvey durante festival de música Roskilde, na Dinamarca, em 30 de junho de 2016. Mathias Loevgreen Bojesen / Scanpix / AFP
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Reconhecida na cena musical por seu engajamento feminista, grande defensora da liberdade sexual e opositora cáustica a convenções, desde seu penúltimo trabalho, Polly Jean Harvey passa a concentrar toda a sua energia em uma carreira musical de forte cunho político. Em “Let England Shake”, como o próprio nome diz, é a Inglaterra, país natal da cantora, que o foco de seus manifestos.

No novo "The Hope Six Demolition Project", lançado em abril deste ano, PJ vai ainda mais longe e se dedica a uma audaciosa aventura artística, produzindo o que a imprensa especializada intitulou de "disco-reportagem". O álbum é um relato musical de viagens que a britânica fez ao Afeganistão, ao Kosovo, a comunidades de refugiados em alguns países europeus e também ao distrito de Ward 7, em Washington, nos Estados Unidos, localidade tomada pelo tráfico de drogas. A crítica afiada de PJ se volta então aos países ocidentais e ressalta as consequências que controversas decisões governamentais têm para a vida das populações.

Jornalismo e poesia

Silvio Essinger, crítico de música do jornal O Globo, elogia a intenção da artista de tentar fazer algo próximo a álbum documentário. Mas, para ele, o trabalho vai muito além do espectro jornalístico. "Ela tem curiosidade, indignação e sensibilidade, propondo-se a relatar tudo o que viu durante suas viagens, sem tecer comentários, mas se concentrando em contar aquela história. Nesse aspecto, ela realiza um trabalho de jornalista. Mas ela também conta com o recurso da poesia, que faz toda a diferença para esse trabalho não se tornar apenas um registro jornalístico", analisa.

Além do diferencial do projeto artístico - dentro da necessidade de PJ de sempre se reinventar e evoluir como artista - Essinger ressalta algumas das características do "The Hope Six Demolition Project". "Uma qualidade que esse disco tem é de trazer uma sonoridade própria, diferente de tudo o que está acontecendo hoje em dia e que pode conquistar muita gente e para quem está procurando algo novo em 2016 para escutar."

Essinger não esconde, no entanto, o saudosismo do início da carreira de PJ, quando a cantora abusava da musicalidade crua e das carregadas guitarras, típica do grunge dos anos 1990. "A PJ Harvey surgiu com muita força no final dos anos grunge, com uma sonoridade muito especial e esse ímpeto feminista que ganharam muito destaque no rock daquela época. Seus primeiros álbuns, 'Dry', 'Ride of Me', 'To Bring You My Love' foram fundamentais. Meu coração continua com essas músicas iniciais dela. Ela segue tentando criar coisas novas - e isso é muito bom -, e aparecendo com discos que realmente nos conquistam", reitera.

Evolução artística também em cena

Toda essa capacidade de PJ de se transformar e evoluir é transportada também para os palcos. Com uma banda de nove músicos formada especialmente para a turnê do “The Hope Six Demolition Project”, e que conta com seu fiel escudeiro John Parish, a cantora se dedica a uma impecável performance.

Sempre vestida de preto, PJ entra em cena com trajes ousados, muitas vezes curtíssimos, acompanhados de longas capas e chapéus de penas que lembram um corvo. Além da sua abrasiva voz, a artista não poupa seu saxofone e comanda o espetáculo durante 1h30 de apresentação. A crítica francesa descreve o evento como um dos melhores do ano.

Essinger assistiu ao evento na primeira parte da turnê da artista pela Europa, no festival Primavera, em Porto, Portugal. "É um espetáculo teatral, com um cenário muito bonito. Esse é um show especial, com um grupo formado exclusivamente para esta turnê que faz uma apresentação baseada em sopros e percussões, com batidas marciais, como se fosse uma fanfarra", descreve.

Depois de passar por Paris, na sala Zénith, a turnê “The Hope Six Demolition Project” continua por vários países europeus - Suíça, Itália, Portugal, Espanha e Reino Unido -, depois parte para a Austrália, Nova Zelândia e Japão. Mas, por enquanto, não há data prevista de shows de PJ Harvey no Brasil ou na América do Sul.

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