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Rendez-vous cultural

Animação "Tartaruga Vermelha", premiada em Cannes, faz sucesso na França

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“La Tortue Rouge” (“A Tartaruga Vermelha”, em tradução livre) é o primeiro longa de animação do holandês Michael Dudok de Wit. O filme, premiado em Cannes, foi produzido pelo mítico estúdio japonês Ghibli, de Hayao Miyazaki.

"A Tartaruga Vermelha", longa de animação de Michael Dudok de Wit.
"A Tartaruga Vermelha", longa de animação de Michael Dudok de Wit. Wild Bunch / Studio Ghibli / Why Not Productions
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O longa foi a única animação da mostra "Um Certo Olhar", em Cannes, neste ano. Saiu com o prêmio da crítica. Até então Dudok de Wit era um consagrado animador de curtas. O mais conhecido, o poético “Pai e Filha” (2000), recebeu Oscar, Bafta e venceu festivais importantes, como o de Annecy, na França e o Animamundi, de São Paulo.

Um belo dia, o artista holandês recebeu um convite do estúdio japonês Ghibli, fundado pelos veteranos Hayao Miyazaki e Isao Takahata. “Se você estiver pensando em fazer um longa, gostaríamos de ajudar, de fazer a produção”, o estúdio escreveu a Dudok de Wit. E assim nasceu a primeira produção estrangeira do estúdio responsável por sucesso como “Princesa Mononoke”, “A Viagem de Chihiro”, “O Castelo Animado” e "Meu Vizinho Totoro".

A história de “A Tartaruga Vermelha“ começa com uma tempestade em alto mar, uma ilha e um náufrago. Desesperado, o homem tenta lutar contra a natureza. Em vão. Até que, aos poucos, ele se dá conta que é possível viver em harmonia com ela.

Tintim, de Hergé, é uma das influências de Dudok de Wit

O personagem tem traços realistas, Dudok de Wit sempre lembra que cresceu com os desenhos de Tintim, do belga Hergé. As cores e os traços são de uma simplicidade enganadora. Tudo foi milimetricamente esboçado e roteirizado. A luz domina e comanda as cores, as sombras e transparências das aquarelas e do lápis de carvão. A música e efeitos sonoros são partes fundamentais do enredo. Mas não há vozes, os personagens emitem apenas gritos e suspiros.

Em entrevista exclusiva à RFI, Michael Dudok de Wit explica:

Não há diálogos no filme. Tinha, no começo, quando escrevi a história. Eu achava essencial ter pelo menos alguns momentos de vozes, pelo lado humano e para explicar algumas coisas, para ter a certeza de que o espectador ia entender. Mas foi um processo complicado, em um dado momento achei que isso não estava funcionando. Recorri então à co-roteirista Pascale Ferran para me ajudar. E ela disse, temos que trabalhar nos diálogos. E trabalhamos, aumentamos o volume dos diálogos, depois fomos reduzindo. Até a última frase que ficou e que queríamos manter, acabamos tirando. O estúdio também dava conselhos, opiniões. Eles achavam que o filme não precisava de diálogos. Eles disseram: “a voz fala demais, conta demais, não precisamos disso”. E de repente surgiu o desafio de se fazer um filme sem diálogos, mas muito claro ao mesmo tempo.

Mas o filme de Dudok de Wit também se destaca pela presença onipresente da natureza, como ele conta:

No começo temos uma pessoa em oposição à natureza, ele tem medo da natureza, que o oprime. Mas pouco a pouco a história se inverte, e vemos o homem à vontade na natureza. No fundo, ele nunca se separou da natureza, a natureza é ele, é a casa, é o "home" em inglês. Quando estamos na natureza, estamos onde pertencemos.

A animação obteve excelentes críticas da imprensa francesa. “A Tartaruga Vermelha” ainda não tem data de estreia no Brasil.

Assista ao trailer de "A Tartaruga Vermelha":

 

 

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