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Brasil-Mundo

Maestrina carioca divulga música brasileira em corais na Alemanha

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A carioca Andréa Huguenin Botelho, de 42 anos, vem ajudando a colocar a música brasileira no mapa de Berlim. Maestrina e pianista, ela está à frente de dois corais, além de inaugurar um programa totalmente dedicado à música brasileira na escola pública de música City West.

A maestrina Andrea Botelho divulga a música brasileira através de corais na Alemanha.
A maestrina Andrea Botelho divulga a música brasileira através de corais na Alemanha. andreabotelho.com
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De Berlim, Cristiane Ramalho

A programação dos cursos transita entre o erudito e o popular - assim como a própria regente, que apesar da formação clássica, se aventura pelas várias vertentes da música brasileira. O objetivo é fomentar o intercâmbio cultural entre Brasil e Alemanha.

Segundo Andréa, é a primeira vez que uma escola pública de música na Alemanha investe num programa exclusivamente focado no Brasil. Lançada em abril, a nova disciplina oferece cursos de cavaquinho, piano, violão, guitarra e de instrumentos de percussão. No repertório, traz nomes de peso, como Guerra Peixe e Heitor Villa-Lobos. Também está prevista a criação de dois grupos – um de choro, outro de samba.

“Queremos promover a interculturalidade entre o Brasil e a Alemanha », explica Andréa. O vice-diretor da Escola City West, Josef Holzhauser, conta que o novo programa surgiu a partir da grande demanda: “A cultura e a música do Brasil exercem enorme fascínio sobre nós, europeus”.

Coral inclui sons do xote, maracatu e bossa nova

Andréa é também regente há três anos do Brasil Ensemble – um coral com mais de 15 anos de estrada. A brasileira mudou o conceito do grupo ao adotar uma abordagem pedagógica: “O Brasil Ensemble é acompanhado por uma banda de jazz e por um grupo de percussão que seguem uma temática voltada para as diferentes vertentes da música brasileira, incluindo xote, maracatu e bossa nova”.

O grupo tem cerca de 40 integrantes – em sua maioria, alemães. E não deixa de ser um desafio, já que muito não falam português.

O repertório do Brasil Ensemble é bem conhecido dos brasileiros. E emociona. “Cantamos, por exemplo, afro-sambas. Ganhamos um prêmio no ano passado, inclusive, a partir de um trabalho maravilhoso, com a participação de Philippe Baden Powell [filho do compositor e violonista Baden Powell], que mora em Paris. Também cantamos Tom Jobim, Luiz Gonzaga, Chico Buarque. É um repertório bem abrangente”.

Coral infantil “Curumins in Berlin” divulga língua portuguesa

Radicada há quase 20 anos no exterior, com temporadas de estudo e trabalho nos Estados Unidos e na Rússia, a regente comanda ainda o primeiro coral infantil teuto-português da Alemanha: o “Curumins in Berlin”, criado por ela.

“O projeto visa divulgar a língua portuguesa”, diz. No momento, oito países estão representados no grupo, diz a regente. Entre eles, além de Brasil e Portugal, Angola, Moçambique e Cabo Verde.

Os ensaios do Curumins são na Europaschule Neues Tor – uma escola estadual europeia bilíngue, que dá suporte ao projeto. Muitas crianças que participam do coral estudam na própria escola, que reúne boa parte da comunidade lusófona radicada na capital alemã.

Na ampla sala da Neues Tor, sentados em círculo, os curumins ouvem a regente com atenção. Andrea conta histórias, toca piano e canta com as crianças – em português e em alemão.

Para Iadorim Oliveira, 9 anos, filho de uma alemã com um brasileiro, é alegria em dose dupla: “Gosto dos Curumins porque eles cantam em português e em alemão – e eu entendo as duas línguas”, diz o menino.

Coral infantil também trabalha identidade cultural das crianças

O grupo, que já fez várias apresentações gratuitas na capital alemã, tem apoio da Embaixada Brasileira e da Escola Estadual de Música Fanny Hensel. E acaba de gravar um CD – uma proposta pedagógica, não comercial – com suporte da Universidade UDK, de Berlim.

Andréa, que começou a tocar piano aos 6 anos de idade, quer voar mais alto. “O sonho de uma apresentação no Brasil existe. Mas tem que ter um convite – e vai ser um desafio, já que são crianças”.

Além do trabalho vocal, o Curumins também investe na questão da identidade cultural das crianças, um tema fundamental para quem tem origem estrangeira. E serve de reforço para a aprendizagem do idioma - usando a linguagem universal da música e também a do afeto.

 

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