"Conservadorismo está voltando ao Brasil", diz diretor João Paulo Miranda Maria
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A Moça que Dançou com o Diabo. Este é o título do curta do paulista de Rio Claro, João Paulo Miranda Maria, selecionado na competição oficial pela Palma de Ouro. O filme foi possível graças à venda de rifas, conta o cineasta, que conseguiu R$500 para a produção. "Todos as pessoas que trabalham fazem parte de um projeto sócio-cultural, um coletivo, elas participaram de forma voluntária, tendo a mesma paixão, dedicação, o mesmo sonho de enviar filmes para os festivais", diz João Paulo, que também é professor de cinema na sua cidade.Ele não esconde o impacto que sentiu ao ver seu curta escolhido, concorrendo à Palma de Ouro: "Ficamos muito surpresos de entrar na competição oficial, a mais difícil de todas, principalmente porque neste ano foi batido o recorde de inscrições, foram mais de 5 mil, até mais competitivo do que os próprios longas, que chegam a 1.800 inscrições", conta João Paulo.O filme foi inspirado em uma lenda popular do interior de São Paulo, de mais de um século, que conta a história de uma moça de uma família muito religiosa que foge para ir a um baile na Sexta-Feira Santa. Ela encontra um jovem, com quem dança, e quando chega a meia-noite ele tira o chapéu, mostra os chifres e diz a ela que é o diabo. Esta lenda marcou muito o cineasta, que a adaptou para os dias de hoje. "O filme fala sobre o fanatismo, que é uma coisa muito opressora, sobre o conservadorismo,o que acaba sendo bastante pertinente e acabou se encaixando na situação atual do Brasil em que o conservadorismo está voltando de uma maneira forte e até perigosa, os artistas estão com muito receio", ele reflete.