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Perpignan/fotografia

"Estou mostrando do que os sírios estão fugindo", diz fotojornalista russo em festival francês

Há quatro anos, os sírios vivem um conflito que massacra o país, que destrói monumentos e que já forçou o exílio de milhões. O fotojornalista russo Sergey Ponomarev, 34 anos, expõe no Festival Internacional de Fotojornalismo Visa pour L’image, em Perpignan, sul da França, a Síria do ditador Bachar Al-Assad e seus habitantes.  

Família síria foge da guerra.
Família síria foge da guerra. Sergey Ponomarev for The New York Times
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“Acho que com esta mostra, vocês podem ter uma ideia da bolha, do ambiente em que as pessoas vivem dentro desse espaço controlado”, diz Ponomarev. “São quase um milhão de sírios fugindo do país no momento, e é disso que eles estão querendo escapar. Tentei focar no cotidiano dos civis, tentando deixar de lado os aspectos militares e políticos, para trazer a essência da vida da população.”

03:17

Reportagem Visa pour l'Image - 04/09/15

O festival de Perpignan promove encontros informais entre grandes fotógrafos e o público. É uma grande oportunidade de discutir com o autor as situações paralelas que resultaram nas imagens expostas. O fotojornalista explica o complicado e burocrático processo de conseguir um visto de entrada, o trabalho sempre vigiado e o contato com a população amedrontada, desconfiada. “Sou um fotógrafo, então, nesse caso meu trabalho era mais fácil que o dos jornalistas. Mas os repórteres notam que os sírios dizem uma coisa, mas se confiarem em você, num cantinho vão dizer coisas bem diferentes”, explica.

Cores e cinzas

As fotos de Ponomarev mostram escombros sombrios, em tons de cinza, em cenários de abandono. O que destoa justamente são as pessoas, as cores das roupas, os movimentos. Pessoas que, por convicção ou por instinto de sobrevivência, escolhem um ou outro lado da guerra.

Ele conta que grande parte das pessoas que fogem da Síria são parte da classe média abastada, que tem educação, usam celulares e internet. Ponomarev fala também da influência de um site como o Facebook, que virou instrumento para os atravessadores de seres humanos. Pelas redes sociais, os traficantes fazem ofertas, publicam tabelas, com descontos para famílias, com transportes de todos os tipos.

Bolha mental

Para Sergey Ponomarev, fotos como a do menino sírio Aylan Kurdi, cujo corpo apareceu no litoral turco e correu o mundo, são para serem mostradas. “Não gosto da ideia de que editores queiram proteger os leitores de imagens chocantes”, opina. “Nós, fotógrafos, vemos essas imagens em primeira mão e ficamos chocados. Por que proteger o publico desse choque se para nós foi também impactante? Esse é o nosso trabalho. Se isso aconteceu, deve ser mostrado. Não adianta colocar o publico nessa bolha, nessa proteção mental.”

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