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Rendez-vous cultural

Escultura “vagina da rainha” em Versalhes causa polêmica e é pichada

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O britânico Anish Kapoor, um dos mais conceituados artistas plásticos da atualidade, é autor de várias obras temporárias expostas no Palácio de Versalhes, a oeste de Paris. Depois do kitsch do americano Jeff Koons e do pop do japonês Takashi Murakami, é a vez de sir Kapoor fazer intervenções nos domínios do rei Sol, Luís 14, e de Maria Antonieta.

"Vagina da Rainha", de Anish Kapoor
"Vagina da Rainha", de Anish Kapoor Patricia Moribe
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O carro-chefe é uma escultura no meio dos jardins desenhados por Le Nôtre, um gigantesco cone de aço enferrujado chamado de “Dirty Corner”, o “canto sujo”. A obra tem dez metros de altura e 60 metros de comprimento.

A polêmica começou quando o próprio artista descreveu o trabalho como “a vagina de uma rainha tomando posse”. No meio da semana passada, a obra amanheceu pichada com spray amarelo. Kapoor reagiu indignado, dizendo que o ato de vandalismo reflete “uma certa intolerância na França, um problema mais político do que ligado à arte em si”.

“Le Nôtre suprimiu em seu jardim todas as dificuldades da vida, tudo o que é sexual e natural – eu quis retirar a pele de seu jardim e chegar ao interior, que é o que me interessa”, explicou Kapoor, em depoimento à RFI.

Spray

O ato de vandalismo passa despercebido pela maior parte dos milhares de turistas em Versalhes. A aposentada francesa Marie é uma exceção: “Não me incomoda, ao contrário, acho que esse jato, essa matéria liquida, se integra à bem à obra, a chamada ‘vagina da rainha’, que dessa forma fica úmida, e isso favorece um olhar profundo”.

Ainda no labiríntico jardim, Kapoor também criou valas, espelhos desconcertantes e uma piscina sem fundo. No interior, um canhão detona uma massaroca feita de cera vermelha, lembrando sangue e tripas, contra uma parede branca. O artista descreveu a obra como “um símbolo claramente fálico”, parte de uma “instalação controversa que levanta a questão da violência na sociedade contemporânea”.

Antagonismos

Kapoor explica que nada é gratuito. “Moramos num mundo em que há dia e noite, o bem e o mal, macho e fêmea. Todos esses opostos entram de alguma forma em meu trabalho, com duas facetas distintas. Uma tem forma perfeita, um objeto feito em busca da perfeição obsessiva. A outra é bagunçada, disforme, escatológica, abjeta. Acho que de certa forma são os dois lados, as duas partes que fazem o ser, e isso me interessa como problema”.

As instalações de Anish Kapoor podem ser visitadas nos jardins do Castelo de Versalhes até 1° de novembro de 2015. A antiga morada de Luis 14 recebe 5 milhões de visitantes por ano.

Sextoy

O vandalismo contra a obra de Kapoor lembra a reação intolerante na capital francesa em relação a uma outra obra de arte provocativa, em outubro de 2014. O alvo da violência foi uma instalação do americano Paul McCarthy, um enorme sextoy inflável verde limão no epicentro do luxo de Paris, a praça Vendôme. Atacado de madrugada, o sextoy amanheceu murcho e o artista decidiu recolher a obra.

  

 

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