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Literatura/Günter Grass

Morre Günter Grass, Nobel de literatura e personagem controverso

Günter Grass morreu na Alemanha aos 87 anos. Prêmio Nobel de literatura em 1999, o alemão ganhou fama mundial por livros como O Tambor. O escritor também causou polêmica ao revelar, em 2006, que havia servido na elite militar do regime nazista durante a Segunda Guerra Mundial.

Günter Grass, prêmio Nobel de literatura de 1999, provocou polêmica ao revelar seu envolvimento com nazistas.
Günter Grass, prêmio Nobel de literatura de 1999, provocou polêmica ao revelar seu envolvimento com nazistas. DR
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A morte de Günter Grass, que estava internado na cidade alemã de Lübeck, foi comunicada nesta segunda-feira (13) por sua fundação. Nascido em 1927 na cidade de Dantzig (que passou a se chamar Gdansk), o escritor foi uma das grandes vozes da geração posterior à Segunda Guerra na Alemanha.

Poeta, dramaturgo e desenhista, o autor ficou mundialmente famoso pelo sucesso de O Tambor, livro adaptado para o cinema e que ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro em 1980 sob a direção de Volker Schlöndorff. Em seguida, títulos como Meu século, A ratazana, Um campo vasto, Maus presságios e Passo de caranguejo, confirmaram sua reputação de autor humanista. Ao ganhar o Nobel, ele foi elogiado pela academia sueca por sua “alegria sombria” e suas “fábulas tragicômicas”.

No entanto, a imagem do escritor foi abalada em 2006, quando ele confessou, no livro Nas peles da cebola, que havia integrado a Waffen-SS, a tropa de elite nazista, em 1944. A revelação do segredo guardado durante 60 anos provocou duras críticas na Alemanha e em outros países europeus. A tal ponto que a retirada de alguns prêmios concedidos a Grass, como o de cidadão honorário de Gdansk e até o do Nobel, chegou a ser cogitada. O escritor justificou seu engajamento junto aos nazistas explicando que, aos 17 anos, ele era apenas um jovem vindo de uma família modesta que queria lutar contra o comunismo.

“Essa revelação dá a possibilidade de se ver a obra dele como a história de um arrependimento, como uma tentativa de exorcizar não somente o passado do país, mas seu próprio passado. Dá outra visão a sua luta de esquerda, contra a guerra e a injustiça”, comentou o agente literário francês Stéphane Chao, ouvido pela RFI logo após o episódio.

Grass sempre disse que sua personalidade foi transformada pela guerra. “Meu lado naturalmente brincalhão ganhou uma dimensão cética intransponível. Isso criou uma resistência contra qualquer ideologia que pretenda fixar medidas absolutas”.

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