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Rendez-vous cultural

Com polêmicas, atrasos e custos inflacionados, Paris ganha nova sala de concerto

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Com atrasos, preço inflacionado e polêmicas, Paris acaba de ganhar uma nova sala de concertos, digna de figurar entre as melhores do mundo. Batizada de Filarmônica de Paris, o prédio, que faz parte do complexo da chamada Cidade da Música, no nordeste da capital, é um projeto do francês Jean Nouvel, uma das grandes estrelas da arquitetura atual.

© William Beaucardet
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A Filarmônica é o primeiro espaço de concertos construído na capital francesa desde a sala Pleyel em 1927. Uma sala dessa categoria era uma reivindicação antiga de músicos como o maestro e compositor Pierre Boulez. Os puristas não levam em conta a Ópera da Bastilha, inaugurada em 1989, devido a sua acústica considerada medíocre. Monumental, com 2400 lugares, e acústica de última geração, a Filarmônica pretende colocar Paris em pé de igualdade com outras salas europeias e internacionais.

Inacabada e inflacionada

A Filarmônica foi inaugurada inacabada e em meio a polêmicas. Dos € 200 milhões previstos inicialmente em 2006, a obra vai custar aos cofres públicos € 386 milhões. O teto, de onde o público poderá observar o parque de la Villette, a 37m de altura, só será aberto dentro de alguns meses, assim como o restaurante panorâmico.

Caprichoso nos detalhes, o arquiteto Jean Nouvel se recusou a ir à inauguração. Ele queria pelo menos mais três meses para terminar o prédio. Nouvel declarou que se sentiu desrespeitado.

Outra crítica é a localização da Filarmônica, no extremo nordeste da cidade, quase na periferia. Uma região popular, muito distante dos bairros chiques do público tradicional de música clássica. Mas essa opção é também proposital, justamente para descentralizar o foco cultural da cidade para regiões menos favorecidas, além de diversificar e rejuvenescer o público da música clássica.

Diversificar e renovar público

“Constatamos que o consumo de música clássica é reservado para categoria social privilegiada, as salas são geralmente em bairros sofisticados ou no centro das grandes cidades e capitais - isso favorece a melomania já adquirida, e ao mesmo tempo prejudica uma renovação dos novos públicos”, diz Laurent Bayle, presidente da Filarmônica.

Bayle acrescenta que “a idade média do público que consome musica clássica é alta, e isso por causa da dificuldade de se expandir para a faixa entre 25 e 40 anos - e para resolver esse problema, é preciso adotar um modelo em que a sala de concerto deve ter a capacidade de dialogar com outros modos de apropriação da música”.

Outro objetivo da Filarmônica é diversificar a oferta. Por exemplo, dos 270 concertos programados até julho, 70 são de jazz, rock e world music. E para estimular novos públicos, a Filarmônica propõe vários tipos de atividades, como ateliês e workshops musicais para adultos, crianças e famílias.

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