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Arte/Nazismo

Obra desconhecida de Chagall está entre telas descobertas em Munique

Quadros desconhecidos de grandes artistas, como Marc Chagall, estão entre as cerca de 1.400 obras descobertas no apartamento de um octogenário. Durante o anuncio nesta terça-feira, 5 de novembro de 2013, as autoridades alemãs reconheceram que alguns dos quadros tinham sido confiscados pelos nazistas.

Quadro desconhecido de Marc Chagall descoberto em Munique.
Quadro desconhecido de Marc Chagall descoberto em Munique. Reuters
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Quebrando o silêncio após a revelação da descoberta das obras pela imprensa alemã no último domingo, o Tribunal de Augsburg, deu detalhes sobre o “tesouro encontrado” em entrevista coletiva à imprensa. Os quadros foram encontrados por acaso em fevereiro de 2012, no apartamento do idoso Cornelius Gurlitt, em Munique.

“A qualidade das obras é extraordinária” e essa descoberta “provocou uma alegria incrível”, declarou Meike Hoffmann, uma historiadora de arte da Universidade de Berlim que aconselha a justiça neste caso. Muitos quadros eram desconhecidos dos especialistas. Entre eles, uma tela de Marc Chagall representando uma cena alegórica, realizada provavelmente nos anos 1920, de um grande valor histórico. Meike Hoffmann também mencionou um autoretrato de Otto Dix que não estava catalogado.

A lista dos grandes artistas que integram a coleção do octogenário é impressionante: Picasso, Chagall, Renoir, Toulouse-Lautrec, Courbet, Matisse, Macke, Dix, Liebermann... A historiadora também confirmou que entre as obras está um quadro de Matisse, que pertencia ao marchand judeu Paul Rosenberg e foi confiscado pelos nazistas. A herdeira de Rosenberg é a jornalista francesa Anne Sinclair.

A busca sobre a origem de todas as obras “é complexa é demorada”, disse a especialista. As fotos dos quadros não serão publicadas na internet para facilitar a identificação por medidas de segurança, informou o Tribunal.

Descoberta

Segundo a revista Focus, que revelou o caso, o pai do octogenário era um famoso colecionador, Hildebrand Gurlitt, que comprou os quadros, desenhos e esboços nas décadas de 30 e 40. Ele teria adquirido as obras a partir de confiscos nazistas ou de judeus em fuga, por preços irrisórios. Outra teoria é de faziam parte do que os nazistas chamavam de “arte degenerada”, que ia contra os padrões da arte oficial apreciada por Hitler. Censurados e confiscados, depois eram revendidos pelos nazistas.

Gurlitt, que não tinha a princípio a estima dos nazistas por ter uma avó judia, tornou-se indispensável ao 3° Reich por causa de seus contatos e conhecimentos artísticos. Ele chegou a ser encarregado por Joseph Goebbels, ministro da propaganda, de vender exemplares “de arte degenerada” expostos em museus alemães, para outros países.

Depois da guerra, Gurlitt se defendeu da proximidade com os nazistas, colocando sua origem judia em destaque e a não filiação a organizações nazistas. Ele afirmou também ter ajudado judeus em fuga e artistas perseguidos ao comprar seus bens.

Durante 50 anos, o filho de Gurlitt, Cornelius, um solitário sem profissão, manteve os quadros guardados em um apartamento sombrio e sujo. Ele sobrevivia com a venda ocasional de quadros. O comportamento estranho levantou suspeitas, até que a polícia fez uma busca no apartamento e descobriu os quadros.
 

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