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Cinema/França

Em meio a polêmica, filme vencedor da Palma de Ouro estreia na França

"La vie d'Adèle" (A Vida de Adèle), o filme sobre a paixão entre duas jovens que ganhou a Palma de Ouro no festival de Cannes este ano, estreou nesta quarta-feira, 9 de outubro de 2013, nos cinemas franceses e belgas. Depois de páginas e mais páginas de elogios entusiasmados dos críticos, seguidos por meses de controvérsia sobre as condições de filmagem, o público finalmente poderá julgar por si mesmo a polêmica obra de Abdellatif Kechiche. O fillme deve ser lançado no início de dezembro no Brasil.

Adèle Exarchopoulos (à esq.) e Léa Seydoux em cena do filme "La vie d'Adèle".
Adèle Exarchopoulos (à esq.) e Léa Seydoux em cena do filme "La vie d'Adèle". © DR
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No dia 26 de maio, Abdellatif Kechiche e as duas atrizes protagonistas, Adèle Exarchopoulos, de 19 anos, a grande revelação do festival de Cannes, e Léa Seydoux, de 28 anos, comemoraram juntos diante das câmeras de todo o mundo. Pela primeira vez, um júri decidiu dar a Palma de Ouro não somente ao diretor do filme, mas também às atrizes.

Quatro meses mais tarde, o diretor franco-tunisiano se diz "humilhado e desonrado" pelas declarações de Léa Seydoux, que qualificou as filmagens de "horríveis". Ele chegou a dizer que o filme "não deveria ser lançado", porque foi "muito aviltado".

Mas o filme sai hoje na França (proibido para os menores de doze anos) e na Bélgica. O produtor espera atingir 800 mil entradas, apesar da polêmica.

O filme será distribuído na maior parte dos países europeus até o final do ano e estreia nos Estados Unidos no final de outubro com proibição para menores de 17 anos.

O produtor espera ainda que o filme seja lançado na Rússia, apesar das leis homofóbicas em vigor. O diretor desistiu de distribui-lo na Tunísia, seu país natal. "Não quero que meu filme provoque desordem ou ódio. Os tunisianos são os campeões da pirataria na Internet, é melhor que vejam o filme dessa maneira", disse Abdellatif Kechiche.

Polêmica

As atrizes, que elogiam as qualidades do filme, denunciaram em entrevistas as condições de filmagem, sobretudo durante as longas e explícitas cenas de sexo.

"Felizmente vencemos a Palma de Ouro, porque foi realmente terrível", declarou Léa Seydoux, que ultimamente foi capa de quase todas as revistas francesas e jura que nunca mais vai filmar com Kechiche.

Mais comedida, Adèle Exarchopoulos afirma que o cineasta é "um gênio torturado". "Abdel não nos bateu nem torturou, ele só nos pediu para darmos tudo de nós", disse ela à revista Les Inrocks.

A autora da história em quadrinhos na qual o filme se baseou, Judith Maroh, se disse "desconfortável" diante de "uma exposição brutal e cirúrgica" de sexo.

A polêmica entre Abdellatif Kechiche e Léa Seydoux continua uma longa tradição no cinema de relações conflituais entre diretores e interprétes, que inclui nomes consagrados como Kubrick e Hitchcock.

Atrizes como Elodie Bouchez e Hasfia Herzi fizeram questão de defender Kechiche. "Ele é um homem muito humano que dá uma oportunidade mesmo para pessoas pouco experientes", disse Hafsia Herzi, protagonista do filme "O Segredo do Grão", uma outra obra premiada do cineasta.

Em "La Vie d'Adèle", assim como nos seus cinco filmes anteriores, o cineasta de 52 anos aposta na interpretação o mais natural possível como base de seu estilo.

A carreira de Kechiche é marcada por recompensas: no festival de Veneza, no César, o Oscar francês, e no festival de Cannes. Corre um boato na França de que as duas atrizes ou talvez somente Adèle Exarchopoulos possam receber uma indicação para o Oscar.

O filme conta a história de Adèle (Adèle Exarchopoulos), uma estudante do ensino médio que sonha em se tornar professora primária. Ela namora rapazes até o dia em que encontra Emma (Léa Seydoux), uma estudante de artes com cabelos azuis. O longa acompanha a passagem de Adèle da adolescência à vida adulta, e a relação passional entre duas mulheres de classes sociais e vocações bem diferentes.

 

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