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Síria/Crise

Divergências vêm à tona depois de proposta de transição para Síria

Neste domingo, diversos opositores sírios classificaram como "um fracasso" o acordo sobre uma transição política, fechado pelo Grupo de ação para a Síria em Genebra, no sábado. As potências interpretaram o texto do acordo de forma diferente e a oposição rejeita o documento, alegando que não está claro.

A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton (à esq.) e o chanceler russo, Sergei Lavrov (à dir.) interpretaram o texto de forma diferente.
A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton (à esq.) e o chanceler russo, Sergei Lavrov (à dir.) interpretaram o texto de forma diferente. Reuters/Denis Balibouse
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Analisando as reações dos representantes das potências que participaram do encontro do Grupo de ação para a Síria neste sábado, em Genebra, vale perguntar se eles estavam na mesma reunião quando fecharam uma proposta de acordo de transição governamental; começando pelo óbvio, a permanência de Bachar al-Assad à frente do país.

Para os aliados da Síria, a partida de Assad do poder nem é questionada no acordo. O chanceler russo, Sergei Lavrov, ficou satisfeito justamente porque o texto não impõe condições aos sírios e não está vinculado à queda do atual presidente. A China e a Rússia esperam que o plano seja aplicado imediatamente, mas consideram que são os sírios que devem tomar as decisões. "Isto está bem claro no texto", declarou Lavrov.

Já a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, afirmou à imprensa no final da reunião que o plano sugere a partida de Assad para ser aplicado. "Com o sangue que ele tem nas mãos, ele deve partir", afirmou; uma opinião compartilhada pela França. O chanceler Laurent Fabius declarou à imprensa que o governo de transição exclui os "matadores" e que, nestas condições, Bachar al-Assad deve deixar o poder. Afirmando que ninguém pode imaginar que Assad fará parte do governo, Fabius disse que o acordo constitui um passo importante porque o texto foi adotado por unanimidade, inclusive pela Rússia e pela China. O problema é que estes dois países, aliados de Assad, não vêm a questão sob o mesmo ângulo.

"Mais tempo para  matar"

Um dia depois do anúncio da proposta de transição política, os grupos da oposição síria foram unânimes: o acordo de Genebra apenas concede mais tempo para o regime de Assad matar os civis.

Em um comunicado oficial, os opositores denunciaram neste domingo o trabalho das potências ocidentais e dos países árabes vizinhos: “A comunidade internacional voltou a falhar mais uma vez na tentativa de firmar uma posição comum para parar os crimes do regime de Assad contra o povo sírio em revolução”. O grupo também ressalta a falta de clareza de pontos fundamentais como a partida de Bachar al-Assad:  “O novo acordo tem mudanças tão obscuras que renovam a oportunidade do regime de Assad ter mais tempo para reprimir o movimento de revolução popular através da violência e de massacres”, relata o documento.

Sami Ibrahim, porta-voz da Rede síria para os Direitos Humanos, baseada em Homs, disse estar frustrado com o acordo. "Medíocre, um desastre!" Nada muda! A Rússia quer que Bachar el-Assad fique no poder e toda a população e todos os revolucionários recusam isto", reclamou Ibrahim.

A oposição síria espera que haja uma ação militar decidida pelo Conselho de Segurança da ONU, como foi o caso da Líbia.

A próxima etapa do processo será a reunião dos Amigos do povo sírio em 6 de julho, em Paris, com a presença de mais de 100 países e de representantes do Conselho nacional sírio.

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