Acessar o conteúdo principal
França/Ciência

Pesquisadores franceses curam surdez genética em camundongos

Cientistas do Instituto Pasteur e das duas principais instituições de pesquisa científica na França, o Inserm e o CNRS, conseguiram curar a surdez em camundongos, substituindo um gene defeituoso por um gene saudável. O estudo é inédito no mundo e oferece perspectivas alternativas aos implantes auditivos para crianças com surdez congênita.

Cientistas do Instituto Pasteur e das duas principais instituições de pesquisa científica na França, o Inserm e o CNRS conseguiram curar a surdez em camundongos. Foto ilustrativa.
Cientistas do Instituto Pasteur e das duas principais instituições de pesquisa científica na França, o Inserm e o CNRS conseguiram curar a surdez em camundongos. Foto ilustrativa. wikipedia
Publicidade

Por enquanto, a experiência deu certo com um gene específico, o OTOF, cuja mutação é responsável pela surdez, mas essa terapia genética pode ser eficaz para outros casos no futuro. O feito inédito dos cientistas franceses foi revelado pela rádio France Inter.

Este é um avanço científico que poderia ajudar a tratar crianças surdas de nascença. Além do Instituto Pasteur, do Inserm (Instituto Nacional de Saúde e de Pesquisa Médica), do CNRS (Centro Nacional de Pesquisa Científica), também estão associados ao estudo cientistas do Collège de France, da Universidade Sorbonne e da Universidade de Clermont Auvergne.

"Nós estamos prontos para iniciar os ensaios clínicos em seres humanos", disse Said Safiédine, diretor de pesquisa do Instituto Pasteur: "Esta é a primeira vez no mundo que uma equipe consegue reverter a surdez genética pelo uso da terapia genética", acrescentou.

Após duas semanas, notou-se que o rato recuperou uma audição quase normal. "Colocamos um microfone no ouvido do camundongo, enviamos sons e gravamos a atividade craniana que reflete a atividade do nervo auditivo no animal de laboratório", explicou. 

O OTOF é responsável pela codificação de uma proteína, a otoferlina, e sua mutação provoca uma neuropatia auditiva. Os camundongos mutantes, sem otoferlina, são profundamente surdos devido à falta de liberação de neurotransmissores, em resposta à estimulação sonora. Usando uma injeção na cóclea (nome científico do ouvido interno), os pesquisadores conseguiram substituir o gene defeituoso em animais adultos, restaurando sua audição.

Uma alternativa aos implantes cocleares

Por enquanto, o método em estudo, a ser patenteado, é eficaz nesse único gene. Os pesquisadores franceses esperam ampliar a pesquisa e conseguir propor um tratamento alternativo para a instalação de um implante coclear que é atualmente a única técnica para restaurar a audição em crianças surdas por nascimento.

A surdez em humanos é genética em 60% dos casos e existem muitos genes, que já foram mapeados e clonados, envolvidos. Em 2015, cientistas americanos e suíços já haviam conseguido curar ratos surdos com uma terapia genética. O experimento, realizado no Hospital de Boston na Escola de Medicina de Harvard, conseguiu restaurar o gene TMC1, também responsável por neuropatias auditivas. Nessa época, os pesquisadores envolvidos acreditavam que testes clínicos poderiam ser realizados dentro de dez anos.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.