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Prevenção pode resolver consumo do "purple drank" na França, diz especialista

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O ministério da Saúde da França proibiu recentemente a venda de medicamentos sem receita médica nas farmácias que contenham codeína em sua fórmula. O motivo é o aumento da quantidade de adolescentes intoxicados com “coquetéis” que utilizam essa substância misturada a bebidas alcoólicas, conhecidos como "purple drank" ou "sizzurp". No RFI Convida, o psiquiatra e psicoterapeuta Ivan Mario Braun, especialista em dependência de drogas, explica que o problema pode ser resolvido com um trabalho de prevenção.

O psiquiatra e psicoterapeuta Ivan Mario Braun, especialista em dependência de drogas.
O psiquiatra e psicoterapeuta Ivan Mario Braun, especialista em dependência de drogas. Divulgação
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Há vários anos a França luta contra o fenômeno do consumo do "purple drank" ou do "sizzurp", que atinge especialmente jovens com menos de 25 anos de todas as classes sociais. Apenas neste ano, dois adolescentes morreram de overdose dessa mistura que tem como principais ingredientes a codeína e bebidas alcoólicas. Outros 30 casos graves de intoxicação foram registrados no país.

Segundo o psiquiatra e psicoterapeuta Ivan Mario Braun, o que atrai os jovens a consumir esse tipo de coquetel é a curiosidade e a pressão do grupo de amigos. "O mesmo fenômeno comportamental é verificado nos adolescentes que experimentam outras drogas, inclusive o álcool e o cigarro", diz o especialista.

Efeitos da codeína no organismo

A codeína é uma medicação derivada do ópio, utilizada para tratamento de dores e comercializada nas farmácias em formato de comprimidos ou na composição de xaropes. "Ao ser metabolizada pelo organismo, se transforma em morfina. E a morfina é uma substância que causa o efeito de 'barato' do ‘purple drank’", explica Braun.

Na França, até a decisão do governo, os remédios contendo essa substância eram vendidos sem receita médica. Com a popularização do "purple drank", farmacêuticos franceses vinham alertando as autoridades sobre a quantidade de adolescentes que adquiriam sem receita esses medicamentos de valor relativamente baixo, em média, entre € 3 e € 6 (entre R$ 11 e R$ 21).

Os adolescentes não imaginam, no entanto, a série de riscos que correm consumindo codeína de forma abusiva. "Quando é prescrita por motivos médicos bem caracterizados, a codeína não apresenta maiores riscos. Mas, em casos de overdose, pode haver convulsões. Um efeito colateral muito grave, em caso de doses altas e se for associada com bebidas alcoólicas ou tranquilizantes, é a depressão respiratória, que pode chegar ao ponto de uma parada respiratória", ressalta.

De acordo com o psiquiatra, se utilizada a longo prazo, essa substância pode causar ainda outros problemas. "Pode levar à apatia, à diminuição do desejo sexual e causar problemas de memória. O uso prolongado também pode levar à habituação e à necessidade de doses cada vez mais altas, e, portanto, com maiores riscos, para se obter os mesmos efeitos."

Como detectar o uso de substâncias

O especialista alerta que pais e educadores podem detectar os sinais de vício de adolescentes a substâncias, como mudanças de comportamento, envolvimento a outras pessoas dependentes de drogas e mau desempenho escolar. Por isso, para Braun, o grande investimento deve ser no trabalho de prevenção.

Para resolver o problema, o psiquiatra e psicoterapeuta aconselha pais e educadores a procurarem ajuda especializada. Segundo ele, para a dependência em opióides, existem medicações que podem facilitar a retirada da droga. "Mas é o especialista que vai avaliar o contexto no qual as pessoas usam esse tipo de droga e vai poder definir o tratamento, a exemplo do que é feito com todas as drogas. Resumidamente, o principal trabalho é ensinar a pessoa se divertir e ter uma vida prazerosa sem drogas", conclui.

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