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Saúde em dia

Especialistas divergem sobre perigos e benefícios do cigarro eletrônico

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Um dos maiores estudos sobre os perigos do cigarro eletrônico foi publicado recentemente nos Estados Unidos pela equipe do especialista Vivek Murthy. Realizado por mais de 150 pesquisadores, o trabalho revela que o produto vem se mostrando especialmente perigoso para os jovens, e reabriu o polêmico debate sobre os perigos e os benefícios do cigarro eletrônico.

Cigarro eletronico pode aumentar risco de cancer entre 5 a 15 vezes mais afirma estudo.
Cigarro eletronico pode aumentar risco de cancer entre 5 a 15 vezes mais afirma estudo. REUTERS/Charles Platiau
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De acordo com a pesquisa americana, é no cérebro dos jovens que a nicotina tem efeitos particularmente tóxicos e duráveis. Preocupante também é o aumento do uso do cigarro eletrônico na faixa etária dos 18 aos 24 anos. Nos Estados Unidos, a compra do produto por jovens desta idade sofreu um aumento de 900% entre 2011 e 2015.

Tânia Cavalcante, secretária executiva da Comissão Nacional para Implementação da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco no Brasil, realiza uma tese de doutorado sobre o cigarro eletrônico. À RFI ela falou do grande apelo que existe aos jovens consumidores, apesar de o produto ser proibido no Brasil pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

"Há inclusive vários sites brasileiros que vendem cigarro eletrônico. Na rede, existe uma variedade enorme, uma série de tutoriais, de jovens que ensinam como usá-lo. É um processo de divulgação global de um produto sobre o qual não há evidências sobre os riscos e sobre a eficácia na ajuda para parar de fumar", enfatiza.

Controvérsias sobre o cigarro eletrônico

A especialista ressalta as controvérsias que existem em relação ao cigarro eletrônico e salienta que ainda não há uma comprovação dos riscos e dos benefícios do produto.

"Enquanto alguns pesquisadores alertam para a questão do perigo, outros alegam que, em comparação com o cigarro convencional, o potencial de toxicidade do cigarro eletrônico é bem menor. Também se questiona por que os cigarros convencionais têm uma liberdade de comércio que os cigarros eletrônicos não têm."

Segundo Tânia, o ambiente regulatório varia muito de acordo com cada país. No Brasil, devido à decisão da Anvisa de liberar o produto apenas quando houver comprovação científica sobre a segurança do produto, o debate ainda é intenso e divide os especialistas. A Inglaterra não apenas autoriza a utilização do mecanismo como passou a integrar o cigarro eletrônico em seu plano de combate ao tabaco. Já a França proíbe o uso do produto em ambientes fechados, bem como o cigarro convencional.

Nicolas Bonnet, especialista em vício e responsável por jovens consumidores de drogas do setor de psiquiatria infanto-juvenil do hospital Pitié Salpêtrière, em Paris, defende o uso do cigarro eletrônico como forma de tratar o vício. Segundo ele, o mecanismo permite reduzir consideravelmente o consumo de nicotina e se mostra cada vez mais seguro.

"Diferentes normas vêm sendo adotadas para permitir que o produto se torne cada vez mais eficaz. Hoje temos a certeza de que o cigarro eletrônico é 90% menos perigoso do que o cigarro normal, já que ele não tem nenhum produto originário da combustão do tabaco, então não há monóxido de carbono ou produtos cancerígenos."

Usuário de cigarro eletrônico relata melhora em sua saúde

Com o objetivo de parar de parar de fumar cigarros tradicionais, o engenheiro de informática Romain Sunier começou a utilizar o cigarro eletrônico. Ele diz que sua saúde apresentou melhoras desde então. "Eu fumava muito e estava cansado de acordar todos os dias tossindo. Não conseguia mais nem subir escadas direito, vivia sem fôlego. Resolvi tentar o cigarro eletrônico e gostei. Duas semanas depois de substituir o cigarro convencional pelo eletrônico, comecei a sentir melhoras na minha saúde", conta.

Embora o objetivo de parar completamente de fumar cigarros tradicionais ainda não tenha sido alcançado, o engenheiro destaca a possibilidade de regular a quantidade de nicotina, o que permitiu que ele reduzisse o consumo desta substância. "Finalmente, encontrei um certo prazer com o cigarro eletrônico devido aos diferentes sabores e também aos benefícios que me trouxe. Até mesmo meu médico, quando examina meus pulmões, constata que eles estão em melhor estado", salienta.

Tânia Cavalcante reconhece os benefícios listados por Sunier, mas, para ela, é preciso que os fumantes que utilizam cigarro eletrônico estejam cientes de seus riscos.

"Há a possibilidade de que o cigarro eletrônico consiga diminuir a exposição à nicotina. Hoje ainda não temos comprovação sobre isso e apenas daqui a alguns anos saberemos. Por isso, é preciso que os fumantes tenham consciência de que o cigarro eletrônico não é uma panaceia que vai ajudá-los a deixar de fumar ou que seu risco fumando cigarro eletrônico vai ser zero, como muitos divulgam", adverte.

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