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Estudo determina pela primeira vez relação entre cigarro e câncer

Fumar um maço de cigarros por dia provoca, em média, cerca de 150 mutações por ano em células do pulmão, segundo os pesquisadores de um estudo publicado nesta quinta-feira (3) na revista americana Science.

Novo estudo publicado nesta quinta-feira (3) pela revista Science detectou pela primeira vez com precisão os efeitos genéticos devastadores do fumo no corpo.
Novo estudo publicado nesta quinta-feira (3) pela revista Science detectou pela primeira vez com precisão os efeitos genéticos devastadores do fumo no corpo. Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas
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Os especialistas identificaram vários mecanismos pelos quais fumar prejudica o DNA, por meio da análise e da comparação de tumores malignos. O estudo publicado nesta quinta-feira (3) pela revista Science detectou pela primeira vez com precisão os efeitos genéticos devastadores do fumo não só nos pulmões, mas também em outros órgãos que não são diretamente expostos à fumaça.

Estudos epidemiológicos mostram que o tabagismo contribui para pelo menos 17 tipos de cânceres humanos, mas até agora não tinha determinado como o cigarro causou esses tumores, segundo os pesquisadores do instituto britânico Wellcome Trust Sanger e do Laboratório Nacional de Los Alamos, nos Estados Unidos. O maior número de mutações genéticas causadas pelo tabagismo foi observado no tecido pulmonar, mas outras partes do corpo também revelam a assinatura destas alterações de DNA, o que explica a relação direta de causa e efeito do fumo com vários tipos de câncer, segundo os especialistas.

Sete mil substâncias cancerígenas e 150 mutações genéticas

O cigarro contém mais de 7 mil substâncias químicas diferentes, dos quais mais de 70 são conhecidas por serem cancerígenas, dizem os pesquisadores, apontando a complexidade de suas interações com o corpo humano. "Este estudo fornece novas evidências sobre os diferentes mecanismos pelos quais o fumo causa câncer", afirmou Lyudmil Alexandrov, do Laboratório Nacional de Los Alamos. "Nós já possuíamos um grande número de evidências epidemiológicas que ligam o tabaco ao câncer, mas agora podemos observar e determinar o número de alterações moleculares no DNA que resultam do ato de fumar", completou.

"Descobrimos que as pessoas que fumam um maço por dia, em média, desenvolvem cerca de 150 mutações genéticas adicionais a cada ano em seus pulmões, e é por isso que os fumantes possuem um risco maior de desenvolver câncer de pulmão", acrescentou o cientista. Em outros órgãos, o estudo demonstrou que um maço de cigarros por dia provoca uma média de 97 mutações por ano no DNA da laringe, 39 na faringe, 23 na boca, 18 na bexiga e seis no fígado.

O estudo mostra, pelo menos, cinco elementos distintos pelos quais o DNA é danificado pelo hábito de fumar, sendo que o mais comum deles é encontrado na maior parte dos tipos de câncer. Os trabalhos sobre o DNA de tumores cancerígenos podem ainda avançar a investigação e ajudar a prevenir todas as formas de câncer, segundo o cientista Mike Stratton, do Wellcome Trust Sanger Institute. "O sequenciamento do genoma de cada câncer e fornece uma espécie de memória arqueológica no DNA, expostos a vários fatores que contribuem para as mutações genéticas responsáveis por um tumor cancerígeno”, afirmou.

O fumo é a maior causa evitável de morte no mundo, responsável por pelo menos seis milhões de falecimentos por ano em todo o planeta. Se as tendências atuais continuarem, haverá mais de um bilhão de mortes resultantes do cigarro no século 21, de acordo com a Organização Mundial de Saúde.
 

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