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Bacofleno/alcoolismo

Estudos mostram resultados modestos de baclofeno contra alcoolismo

O baclofeno, relaxante muscular usado para tratar espasmos e neuralgias, não é um remédio milagre contra o alcoolismo, mas permite reduzir o consumo, principalmente entre os casos mais sérios. A conclusão é de estudos clínicos divulgados no sábado (3), em Berlim.

Dois estudos franceses mostram resultados modestos de baclofeno contra alcoolismo.
Dois estudos franceses mostram resultados modestos de baclofeno contra alcoolismo. ®Flickr/CreativeCommons/RalfSmallkaa
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Na França, a popularidade do medicamento, de baixo custo, no mercado desde 1975, explodiu com a publicação em 2008 do livro “O Último Copo”, de Olivier Ameisein. O cardiologista, alcoólatra, contou como a vontade de beber passava depois que ele ingeria baclofeno, comercializado no Brasil como Lioresal, em altas dosagens. O autor morreu em 2013, de ataque do coração.

“O baclofeno permite a redução do consumo de álcool em 50% dos casos, o que já não é ruim”, declarou à AFP o médico Michel Reynaud, presidente do Fonds Actions Addictions (Fundo Ações Vícios, em tradução livre), evocando dois estudos franceses apresentados no congresso mundial de alcoologia de Berlim.

“Não é um remédio miraculoso”, diz o especialista, ao mesmo tempo fazendo a ressalva de que “o medicamento é mais um elemento do arsenal terapêutico” contra a dependência ao álcool. Reynaud divulgou o estudo Alpadir, realizado durante sete meses com 320 pacientes, que foram divididos por sorteio em dois grupos – 158 utilizaram baclofeno em dosagem elevada (180 mg/dia) e 162 receberam placebo.

A pesquisa visava avaliar, primeiramente, a manutenção de uma abstinência total durante 20 semanas e, segundamente, a redução do consumo de álcool. Para a abstinência, nenhuma diferença significativa foi observada entre os dois grupos (11,9% de abstinentes que usaram baclofeno, contra 10,5% sob placebo).

De 12 para três copos de vinho ao dia

Já a baixa no consumo observada nos dois grupos foi mais importante entre os tratados com baclofeno, em especial entre os bebedores de alto risco (mais de quatro copos de vinho por dia para mulher e mais de seis entre os homens). “Quem tomava mais de 12 copos ao dia passou para três com o medicamento, contra cinco com o placebo”, acrescenta Reynaud.

Os efeitos secundários (sonolência, fatiga e insônia) eram mais frequentes sob o baclofeno, mas sem nenhuma reação grave observada.

Já o estudo Bacloville foi realizado, sem seleção nem pré-abstinência, em 320 pacientes, psicológica e fisicamente frágeis, sob monitoramento de médicos generalistas. O objetivo foi comprar a eficácia do baclofeno em doses fortes (até 300 mg/dia) à do placebo, durante um ano. Philippe Jaury, coordenador da pesquisa, promovida pelo serviço de saúde francês, apresentou resultados preliminares em Berlim.

Bacloville mostra “56,8% de sucesso” (abstinência ou redução de consumo) pelo grupo que ingeriu o remédio, contra “36,5%” entre os pacientes com placebo. Mas os resultados não são conclusivos, pois ainda são parciais.

Os resultados de um novo estudo sobre os efeitos secundários do baclofeno entre todos os utilizadores devem ser anunciados até o final do ano.

 

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