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Saúde/Esclerose

Tratamento de alto risco pode conter a esclerose múltipla

Um grupo de médicos afirma ter encontrado uma maneira de conter a esclerose múltipla. No entanto, segundo o estudo publicado nesta sexta-feira (10), esse é um tratamento de alto risco, que não pode ser generalizado.

Pesquisadores testaram tratamento de alto risco em 24 pacientes.
Pesquisadores testaram tratamento de alto risco em 24 pacientes. REUTERS/Ivan Alvarado
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De acordo com a pesquisa publicada na revista médica britânica The Lancet, 24 pacientes entre 18 e 50 anos foram tratados no Canadá de esclerose múltipla mediante uma potente quimioterapia, destinada a destruir o sistema imunológico antes de um transplante de células-tronco fabricadas pela medula óssea. O tratamento freou o desenvolvimento de novas lesões cerebrais nesses pacientes sem que fosse necessário tomar medicamentos.

"Oito deles observaram uma melhoria estável sete anos e meio depois do tratamento", afirma o texto da revista. Um dos pacientes faleceu por complicações hepáticas e infecciosas causadas pela quimioterapia agressiva utilizada.

Segundo a Lancet, esse é "o primeiro tratamento capaz de produzir este nível de controle da doença ou de recuperação neurológica”. No entanto, “os riscos próprios do tratamento limitam seu uso em grande escala", alerta a revista.

Mais de dois milhões de pessoas sofrem de esclerose múltipla

A esclerose múltipla afeta mais de dois milhões de pessoas no mundo todo, 400.000 apenas na Europa. Dependendo do grau da doença, o sistema imunológico do paciente sofre transtornos e ataca elementos de seu próprio sistema nervoso.

Os sintomas resultantes são variados: enfraquecimento muscular, problemas de equilíbrio, de visão, de linguagem e inclusive paralisias, que podem ser recuperáveis. Em mais ou menos longo prazo, esses transtornos podem progredir para uma condição irreversível.

Os tratamentos atuais não permitem a cura da enfermidade e apenas podem frear sua progressão. Estudos precedentes haviam descrito tentativas com esse tipo de tratamento com poucos pacientes e com o uso de uma quimioterapia muito mais leve antes do transplante de células-tronco hematopoiéticas (AHSCT) provenientes de suas próprias medulas ósseas. Os resultados haviam sido modestos.

Mas no caso do estudo canadense, foi administrada uma quimioterapia mais forte nos pacientes para a "destruição completa" do sistema imunológico com o objetivo de deter a autoagressão. Todos os que participaram da tratamento de considerado de alto risco sofriam de uma forma agressiva da doença, com sequelas que iam de "moderadas" à incapacidade de caminhar 100 metros sem ajuda.

Nenhuma recaída foi registrada até agora nos pacientes

Entre os 23 que sobreviveram ao tratamento, não foi observada nenhuma recaída durante o período de estudo, entre quatro e treze anos. Os exames ressonância magnética (IRM) não detectaram nenhuma atividade nova da doença e depois do tratamento foi detectada apenas uma nova lesão em 327 exames. Depois de três anos, seis pacientes estavam em condições de voltar ao trabalho ou à escola.

Testes clínicos em mais pacientes deverão confirmar os resultados, admite Mark Freedman, coautor do estudo, reconhecendo que as "vantagens potenciais" do tratamento "devem ser ponderadas pelo risco de complicações graves".

Em um comunicado sobre o estudo, Jan Dorr, do centro de pesquisa clínica NeuroCure de Berlim, considera os resultados impressionantes. No entanto, ele estima que a experiência provavelmente não mudará o protocolo do tratamento da esclerose múltipla no curto prazo porque o índice de mortalidade será considerado muito alto.

(Com informações da AFP)

 

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