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Ciência e Tecnologia

Satélite francês tenta desafiar teoria de Einstein

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Um quilo de penas e um quilo de chumbo caem na mesma velocidade. Galileu já havia feito o experimento no século 17 e a resposta é sim: os dois corpos tocam o solo no mesmo instante. Foi baseado neste princípio que Albert Einstein, três séculos depois, batizaria a sua Teoria da Relatividade Geral. Agora, um microssatélite francês, chamado Microscope, vai buscar uma brecha nesta teoria.

Cientistas franceses fazendo os últimos ajustes no satélite Microscope.
Cientistas franceses fazendo os últimos ajustes no satélite Microscope. CNES/MALIGNE Frédéric, 2015
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Para isso, ele está muito bem equipado. O forte do satélite é a sua precisão. No espaço, ele poderá obter um resultado 100 vezes mais exato do que este que conhecemos aqui na Terra.

Lançado no último dia 22 da base da Guiana Francesa, Microscope ficará em órbita durante dois anos carregando duas massas: uma de platina (fazendo o papel de pena) e uma de titânio (fazendo o papel de chumbo) que ficarão continuamente em queda livre para tentar encontrar uma violação na gravitação.

Thibault Damour, físico e professor no Instituto de Altos Estudos Científicos da França, afirma que esta experiência única no mundo poderá trazer um grande avanço para a física contemporânea. “Sairemos ganhando nos dois casos. Se o Microsope não encontrar nada, confirmaremos um dos princípios de base da Teoria da Relatividade Geral como Einstein a descreveu em 1915. Mas, se encontrarmos algo novo, isso não vai contrariar completamente a teoria, mas mostrará que precisaremos completá-la. Ou seja, isso dará uma riqueza adicional à física da gravitação.

15 anos de trabalho

A criação do Microscope levou 15 anos de trabalho e mobilizou 300 cientistas. O satélite é dotado de um laboratório de física quase perfeito. Tudo foi pensado e estudado para que o resultado final não seja falso, como explica Yves André, chefe do projeto no Centro Nacional de Estudos Espaciais francês. “O satélite vai representar um laboratório mais perfeito possível para o teste da queda livre. Ele vai compensar todas as forças que não são gravitacionais de maneira a oferecer ao instrumento as melhores condições para atingir essa precisão.”

O objetivo do Microscope é verificar o princípio da equivalência entre gravitação e aceleração utilizado por Einstein em sua teoria. O satélite vai estudar o movimento relativo dos corpos realizando a queda livre mais perfeita possível.

Na Terra, o princípio da equivalência foi verificado com um grau de precisão que vai até a 13ª casa decimal, ou seja, 10 números depois da vírgula. O Microscope espera conseguir chegar até a 15ª casa.

“O Microscope nos exigiu muito dinheiro e muita energia, mas é uma aventura apaixonante. Trabalhamos muito antes de enviá-lo ao espaço, agora é a hora de ver se todos os cálculos e previsões que fizemos se confirmam. Será uma etapa muito excitante”, afirma Yves André.

Pesando 300 quilos, Microscope foi colocado em órbita a uma altura de 711 quilômetros. O projeto teria custado ao todo € 130 milhões. Um preço alto, mas que pode render uma revolução para a física.

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