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Ciência e Tecnologia

Google testa tecnologia de captura de imagens em altíssima definição no Brasil

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O Google se transformou em sinônimo de busca na internet, mas a empresa possui divisões em várias áreas: inteligência artificial, saúde e cultura. Há cinco anos, o gigante da web decidiu investir no mecenato, com a criação do Instituto Cultural do Google, a maior galeria virtual do planeta, que tem a ambição de democratizar a arte produzindo ferramentas para digitalizar e catalogar as obras, em altíssima definição.

Laurent Gaveau, diretor do Instituto Cultural do Google, no laboratório cultural da empresa apresenta a Art Camera.
Laurent Gaveau, diretor do Instituto Cultural do Google, no laboratório cultural da empresa apresenta a Art Camera. T.Stivanin/RFI Brasil
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No início do mês, a empresa abriu as portas do instituto em Paris para apresentar novos projetos e parcerias com centros na América Latina e no Brasil. Entre eles, o Museu Afro Brasil, o Centro Cultural São Paulo e a Casa Guilherme Almeida, pioneiros na utilização da técnica de captura de imagens em alta definição, ou gigapixel, mais precisas do que o próprio olho humano.

Esse trabalho é feito por uma ferramenta criada pelo Google chamada Art Camera, que tira milhares de fotos ampliadas das obras. Em seguida, eles são organizados por um software que reproduz o quadro original. Superdimensionada, a imagem digital revela detalhes que passam muitas vezes despercebidos por um visitante em uma exposição. Um dos exemplos mostrado por Dirk Friedrich, gerente do Instituto Cultural, é o retrato de Guilherme Almeida, de autoria do pintor Lasar Segall, de 1927, exposto na Casa Guilherme Almeida. Na imagem digitalizada e ampliada, é possível enxergar a palavra “Soidade”, sinônimo de “Saudades". Um detalhe impossível de ser notado a olho nu.

O projeto piloto do Art Camera está sendo realizado na América Latina  há vários meses, explica Laurent Gauveau, diretor do instituto. A novidade é que antes, essa digitalização, que exigia vários dias, poderá ser feita em cerca de uma hora.  "É um projeto que começamos há muito tempo e testamos com vários parceiros no mundo inteiro e grandes pintores, como Van Gogh ou Chagall. No nosso laboratório em Paris, nossos engenheiros trabalharam na captura em ultra alta definição de uma maneira mais simples e confortável para nossos parceiros”, diz.

Instituto Cultural do Google também investe na música

O novo parceiro brasileiro do Google é o portal Musica Brasilis, criado em 2009 pela cravista e engenheira de computação Rosana Lanzelotte, com o apoio do BNDES. A ideia é divulgar a música brasileira através de projetos educativos que incluem, por exemplo, o resgate de partituras de compositores célebres brasileiros – apenas 20% desse acervo está disponível. Uma experiência diferente, já que o Instituto Cultural se interessa principalmente por instituições proprietárias de obras de artes plásticas.

Rosana Lanzelotte, criadora do portal Musica Brasilis, e Dirk Friedrich, gerente do Instituto Cultural Google
Rosana Lanzelotte, criadora do portal Musica Brasilis, e Dirk Friedrich, gerente do Instituto Cultural Google (Foto: Taíssa Stivanin/RFI Brasil)

“Eles nos procuraram porque estavam querendo enriquecer a plataforma deles com outros tipos de acervo. Assinamos um contrato bastante volumoso. Eles queriam ter certeza de que detíamos todos os direitos de tudo o que estava sendo colocado online”, conta Rosana.

“Na época, fui curadora da exposição Rio – 450 anos de música, que mostrava, através de instalações interativas, os diversos momentos da música no Rio, desde os Tupinambás até o século 21. Esse me pareceu um conteúdo de base para a plataforma. Em muitos momentos artistas plásticos se interessaram pelas práticas musicais”, conta.

Segundo Rosana, o encontro trouxe várias ideias. Uma delas é aproveitar uma outra tecnologia fornecida pelo Instituto, Performing Art, que captura imagens em 360°. Isso possibilita ao internauta assistir a um espetáculo de dentro do palco, uma experiência realizada, por exemplo, durante a exibição de "Lohengrin", ópera de Wagner, no Teatro Municipal de São Paulo. “Nós fazemos também uma série de concertos, e para essa série estou querendo usar essa tecnologia 360”, diz.

Empresa adaptou street-views para museus

Outra novidade apresentada pela empresa é a adaptação da câmera utilizada no site Google Street View, que mapeia as ruas do mundo. O suporte foi modificado para que o ela pudesse percorrer os museus e fotografar os quadros em espaços internos - normalmente é um carro que realiza as imagens. Durante essas "expedições culturais", uma descoberta mais do que inusitada foi feita: o teto da Ópera de Paris, ampliado e pintado por Marc Chagall, esconde um retrato dele mesmo quando era bebê. “A equipe do Google trabalhou à noite para captar as imagens, já que o metrô provocava uma trepidação na câmera que afetava a resolução”, explica Charlotte Fechoz, coordenadora do laboratório. As mais de 6 milhões de peças artísticas também incluem a descoberta de uma imagem oculta no quadro de Chris Ofili, No Woman, no Cry, que está em exibição na Tate Gallery.

O Instituto também confere uma atenção especial à street-art. Em São Paulo, as equipes digitalizaram cinco obras dos artistas "Os Gêmeos", que podem ser conferidas on-line.

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