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França/ saúde

Retorno da sífilis à França preocupa especialistas

A sífilis, uma doença sexualmente transmissível (DST) conhecida há séculos, está longe de ter acabado – a multiplicação do número de casos na França no ano passado alarma os epidemiologistas. A gravidade de epidemias como o ébola e, mais recentemente, o vírus da zika, ocultou a ameaça do retorno das infecções por sífilis.

A sífilis, também chamada de cancro duro ou lues, é uma doença causada pela bactéria Treponema pallidum.
A sífilis, também chamada de cancro duro ou lues, é uma doença causada pela bactéria Treponema pallidum. wikimedia
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Claire Arsenault

A volta da doença começou, pouco a pouco, há cerca de 15 anos – depois de ter praticamente desaparecido nos anos 1990. Em 2000, as ocorrências eram tão raras que o governo francês aboliu a “declaração obrigatória da sífilis”, um dispositivo pelo qual as autoridades sanitárias controlavam o número de casos no país.

Os estudos mostram que o aumento das relações sexuais não-protegidas está no foco do retorno das infecções não só da sífilis, como de outras doenças sexualmente transmissíveis. Mais de 500 casos por ano têm sido registrados, um número provavelmente subestimado, já que os médicos não são mais obrigados a relatar as ocorrências. De 2000 a 2014, 8,3 mil infecções recentes de sífilis foram recenseadas, das quais 38% ocorreram na região de Paris (Ile de France). Neste intervalo, as pesquisas médicas sobre a sífilis se intensificaram.

O aumento progressivo do número de casos se iniciou entre homossexuais, mas, nos últimos anos, as ocorrências vêm subindo também entre os heterossexuais. Esse quadro se repete em outros países desenvolvidos, como os Estados Unidos, onde o número de casos dobrou entre 2005 e 2013. No total, 16 mil pessoas foram contaminadas pela bactéria, segundo o Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que 5,6 milhões de pessoas são infectadas pela doença a cada ano, no mundo inteiro.

Transmissão da “doença da vergonha” de mãe para filho preocupa

Essa DST, que no passado era vista como uma doença “vergonhosa” na Europa, é causada pela bactéria Treponema pallidum, que se transmite pelo contato genital, oral ou anal. Assim como a aids, a sífilis também pode passar de mãe para filho, durante a gravidez.

Para a OMS, a eliminação da sífilis nas grávidas (1,9 milhão de mulheres) é uma prioridade mundial – porque, ainda hoje, a sífilis causa a morte de 30 mil fetos por ano e expõe 215 mil bebês ao risco de morte prematura. Um país que se tornou exemplo nesse combate é Cuba, o primeiro a se declarar imunizado contra as infecções por sífilis e aids durante a gestação.

Uruguai entre os países mais atingidos

Por outro lado, 12 países são considerados “altamente prioritários” pela OMS, na luta contra a doença: Uruguai, China, Gana, Honduras, Indonésia, Madagascar, Moçambique, Mianmar, Papua Nova Guiné, República Centroafricana, Tanzânia e Zâmbia.

Não existe nem vacina, nem tratamento preventivo contra a bactéria: o preservativo é a única proteção, embora não seja 100% eficaz contra a doença, que é extremamente contagiosa. Ao fragilizar as mucosas, a sífilis também facilita a contaminação por outras doenças, como a aids.
 

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