Sínodo da Amazônia renova esperança dos indígenas, avalia imprensa francesa
A imprensa francesa desta segunda-feira (28) repercute a decisão histórica do Vaticano sobre a possibilidade de ordenar homens casados na região da Amazônia. Reunidos na sede da Igreja Católica durante as últimas três semanas, 184 bispos se pronunciaram sobre a revolucionária proposta, e votaram a favor de outras estratégias para fortalecer a presença da instituição na floresta e junto aos povos indígenas.
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"A Igreja ouve os povos da Amazônia" é a manchete de capa do jornal católico La Croix, que classifica as decisões adotadas no Sínodo da Amazônia como "um grito de esperança" para a região. Por 128 votos a 41, a possibilidade de ordernar homens casados, idôneos e já ativos na comunidade católica, foi aprovada no fim de semana. Conscientes de que essa solução não será um milagre na região, onde o deserto de padres abre espaço para a igreja evangélica, o Sínodo também votou a favor da reflexão sobre a liderança de mulheres em comunidades católicas, mesmo que a possibilidade que se tornem diaconisas esteja descartada por enquanto.
No discurso final do evento, Papa Francisco também anunciou que a destruição do meio ambiente passa a ser considerado, dentro da Igreja Católica, "um pecado ecológico". Em editorial, La Croix comemora a discussão, durante o Sínodo, de assuntos até então proibidos na instituição, dentro de um espírito de "criatividade para propor novas soluções pelo bem das comunidades cristãs", afirma.
Nova cara à Igreja Católica
O jornal conservador Le Figaro também dá destaque ao Sínodo da Amazônia. Para o diário, a ordenação de homens casados é "uma medida que pode mudar o rosto da Igreja Católica". O Vaticano indicou que será realizada uma consulta em todas as dioceses do mundo para que, talvez, essa reforma possa ser estendida aos países onde a instituição atua.
Já o jornal Le Parisien lembra, que a questão da ordenação de homens casados não é definitiva e precisa da decisão final do Papa Francisco, que deve ser anunciada até o final deste ano. Entrevistado pelo diário, o historiador francês Odon Vallet, especialista em religião, é cético quanto à autorização desta exceção em outros países. Ele lembra, por exemplo, que "o celibato foi imposto de maneira canônica e que apenas um concílio poderia mudar esta regra".
Ouvidos pelo jornal, quatro fiéis católicos concordam com a ordenação de homens casados, para que os religiosos "se aproximem da vida real", "para lutar contra a crise de vocações" ou até mesmo contra a pedofilia dentro da Igreja Católica. No entanto, a opinião de uma freira de Marselha, no sul da França, é uma amostra da oposição do lado conservador da instituição. Para ela, padres não podem ter família porque "isso complicaria a dedicação exclusiva a Deus".
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