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Espanha

Dilma: "Lula não deve sair com tornozeleira da prisão, mas como inocente"

A ex-presidenta Dilma Rousseff afirmou neste domingo (29), durante ato em apoio a Lula em Madri, que ele não pode sair da prisão sob certas condições, como usando uma tornozeleira eletrônica. Na sexta-feira (27), procuradores da Lava Jato fizeram um pedido para que o ex-presidente, preso desde abril de 2018, cumpra a pena no regime semiaberto.

A ex-presidente Dilma Rousseff discursa durante ato da central sindical espanhola União Geral dos Trabalhadores, em Madri.
A ex-presidente Dilma Rousseff discursa durante ato da central sindical espanhola União Geral dos Trabalhadores, em Madri. Foto: RFI
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Valéria Maniero, de Madri para a RFI

“Agora, os fiscais [procuradores] querem tirar Lula rapidamente da prisão. Ficou problemático para os fiscais manter Lula preso até porque o Supremo Tribunal, a Corte Suprema brasileira, está querendo colocar um 'stop' nesse processo. E eles querem se antecipar. E, mais uma vez, pretendem submeter Lula a condições que nós consideramos incorretas", disse Dilma, em espanhol, em ato que celebrou os 130 anos da central sindical União Geral dos Trabalhadores (UGT).

A petista explicou que Lula já pode deixar a prisão por ter cumprido um sexto da pena, conforme prevê a lei. "Mas, ele não pode sair com um controle eletrônico amarrado na perna", criticou a ex-presidente. "Ele quer sair como um inocente. Só se sai da prisão com a cabeça em pé, não se sai curvado”, defendeu Dilma.

“Bolsonaro pretende entregar partes da Amazônia”

Em seu discurso, a ex-presidenta também falou sobre a política ambiental do atual governo. Ela citou uma “destruição deliberada da Amazônia” por parte de Jair Bolsonaro, “que pretende, simplesmente, entregar partes" da floresta.

“Bolsonaro quer as madeiras da Amazônia, que são de grande qualidade. Quer a exploração mineral, porque lá há ouro, potássio, terras raras, toda a diversidade mineral. O Brasil sem a Amazônia não é Brasil. Nós sabemos que há coisas que não se revertem. Você pode reverter uma lei, mas não reverte perdas como da Amazônia”, disse. Para Dilma, a “árvore da democracia está sendo atacada com fungos e parasitas, que a comem por dentro”.

Na avaliação da petista, “Lula representa o combate a essa destruição da democracia, a esses parasitas e fungos que corroem a democracia, principalmente o sistema de Justiça, a partir dessa operação que, aparentemente, no início, era uma boa operação, mas não". "Era o uso do combate à corrupção para atingir um partido. Quando os outros foram atingidos, era fogo-amigo”, disse.

Da esquerda para a direita: A ex-presidenta Dilma Rousseff; os sindicalistas Pepe Alvarez e Pedro Hojas, da UGT; e Edneia da Silva, coordenadora do Partido dos Trabalhadores em Madri.
Da esquerda para a direita: A ex-presidenta Dilma Rousseff; os sindicalistas Pepe Alvarez e Pedro Hojas, da UGT; e Edneia da Silva, coordenadora do Partido dos Trabalhadores em Madri. Foto: RFI

Governo Bolsonaro

Segundo Dilma, o Brasil vive hoje um “momento especial”, por conta da "emergência simultânea do neofascismo e da agenda neoliberal". A ex-presidente lembrou da época em que sofreu um impeachment, dizendo que partidos de centro-direita, centro e direita “caíram na tentação golpista e antidemocrática e produziram um golpe de estado”. Depois disso, segundo ela, começou um processo de perseguição a Lula, que culminou com a sua prisão.

“Agora, o senhor que era meu vice-presidente [Michel Temer] e usufruiu do golpe é capaz de ir à televisão e dizer: ora, foi um golpe, mas eu não o quis, não participei. A rapidez dos meios e da internet provoca esse tipo de sincericídeo, porque as pessoas tentam limpar seu nome na história”.

Segundo ela, aos que perguntam por que Lula se apresentou à polícia, a resposta é que eles tinham que provar que não tinham medo nem receio. E não sairiam do Brasil “fugidos”, “porque, senão, não teriam futuro político”.

Dilma afirmou que o Brasil, antes de Bolsonaro, era um país que praticava o multilateralismo, “que não se atrelava a nenhuma potência do mundo, respeitava a todos”, “não se curvava à bandeira dos Estados Unidos”.

A presidente não quis dar entrevista à imprensa, mas sim, uma “declaração sobre a importância de estar num evento em que se comemora 130 anos de uma central sindical num momento em que os sindicatos estão ameaçados”.

Dilma encerrou hoje uma campanha na Europa, em defesa da libertação de Lula, que a levou a três países.

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