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Linha Direta

Catedral de Manaus celebra missa para religiosos que irão ao Sínodo do Vaticano

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Uma missa nesta quinta-feira (26) na Catedral de Manaus foi inteiramente dedicada aos representados do Estado no Sínodo da Amazônia, que terá início a partir da semana que vem no Vaticano.

Celebração da "missa do envio" em homenagem aos representantes do Amazonas no Sínodo do Vaticano.
Celebração da "missa do envio" em homenagem aos representantes do Amazonas no Sínodo do Vaticano. Foto: Elcio Ramalho/RFI
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Do enviado especial a Manaus,

A “missa do envio”, como foi chamada, aconteceu no final da tarde na Catedral Nossa Senhora da Conceição e foi celebrada pelo Arcebispo de Manaus, Dom Sérgio Castriani. Ele e os fiéis rezaram para os religiosos que nos próximos dias vão representar milhares de cristãos católicos que vivem na capital e outras regiões do Estado. No total, serão cerca de 50 pessoas do Amazonas a caminho de Roma, mas só cerca de metade, incluindo dois bispos, padres, padres, diáconos e leigos participarão efetivamente das discussões dentro do Vaticano. Os demais terão atividades em um espaço especial para apresentar aspectos das culturas dos povos originários da região e seus trabalhos junto a populações afastadas.  

Em sua mensagem durante a missa, o arcebispo disse que eles serão os porta-vozes dos milhares de fiéis e religiosos que pedem mudanças e uma nova visão da Igreja Católica para a região amazônica. O bispo auxiliar da Diocese de Manaus, Dom Luís Albuquerque de Araújo, irá ao Vaticano e diz estar otimista. Apesar do Sínodo ter o papel de órgão consultativo, o evento já provoca mudanças da postura da Igreja com a imensa região.    

“O Sínodo já é de fato uma realidade porque já está nos ensinando que antes de anunciar o Evangelho, temos que ter uma atitude de escuta e de respeito. Isso tem ajudado muito os bispos, padres e lideranças leigas a procurarem perceber que a diversidade que temos é uma riqueza. Seja diversidade cultural, ecológica, na riqueza da fauna e da flora, mas principalmente as diversas experiências que aqui temos. O Sínodo está trazendo algumas questões muitas vezes difíceis, mas o importante é a gente conversar e dialogar”.

Povos indígenas denunciam riscos e ameaças

Desde que foi convocado pelo Papa Francisco em 2017, esse Sínodo intitulado Novos Caminhos para a Igreja e para uma Ecologia Integral se articulou em torno da defesa dos povos indígenas e de seu futuro, indissociável da preservação ambiental e dos desafios de sustentabilidade para a região.

A sobrevivência e proteção dessas populações são grandes preocupações da Igreja Católica, que para isso pensa também em alternativas para reforçar sua presença, seja  nas áreas mais afastadas da floresta, mas também nos grandes centros urbanos, onde enfrenta também o avanço rápido das igrejas evangélicas e pentecostais. Indígena da etnia Sateré Mawé, Honorato Lopes Trindade vai ao Vaticano denunciar a situação de sua região, Barreirinha, região do médio rio Amazonas, onde é rara a presença de padres e a Igreja está ameaçada.

“Eles vêm, de vez em quando, muitas vezes de mês em mês, devido às distâncias também. Só tem uns catequistas, mas é preciso ter um fortalecimento. A fraqueza da Igreja é nesse sentido. A tendência é de outras igrejas é para que termine a Igreja Católica”, sustenta.

Indígena da etnia Sateré Mawé, Honorato Lopes Trindade denuncia os riscos para a Igreja na sua região com a falta de religiosos.
Indígena da etnia Sateré Mawé, Honorato Lopes Trindade denuncia os riscos para a Igreja na sua região com a falta de religiosos. Foto: Elcio Ramalho/RFI

A indígena Marcivana Sateré, que terá a função de auditoria e participará de reuniões dentro do Vaticano, vai levar a situação precárias dos indígenas nos centros urbanos.  “Vou representar os indígenas que estão sendo expulsos de suas terras e são obrigados a vir para as cidades. Nossa luta é de pensar um modelo de cidade mais humanizado, mais acolhedor para todas as populações. Nos somos povos indígenas migrantes no nosso próprio território”, afirma.

Otimismo prudente com Sínodo

As discussões durante o Sínodo se articularão em torno do documento Instrumentum Laboris, com os temas centrais para o trabalho. O texto é resultado das diversas reuniões, assembleias, e eventos nos quais os povos originários, moradores e religiosos que atuam na região, puderam expressar as mudanças que consideram necessárias para implementar a Teologia Indígena, específica para esta região.

A ordenação de homens casados, a maior participação das mulheres na Igreja para exercer funções reservadas a padres e aos homens, ou mesmo a “inculturação”, termo que designa a inserção de elementos da cultura indígena nas celebrações e rituais da Igreja, já encontram resistência nas alas mais conservadoras do catolicismo. Postura que fazem os religiosos que atuam na região Amazônia serem de um otimismo prudente, como a missionária espanhola Maria del Mar, que trabalha há vários anos em uma equipe missionária itinerante.

“As expectativas de tudo o que foi escutado são no sentido de que possa mexer não apenas no coração dos bispos, mas da Igreja inteira. A Igreja somos todos nós. E que eles possam dar uma resposta diferenciada nessas realidades que são diferenciadas, não apenas pelas distâncias, mas pelo sagrado em toda essa diversidade que já existe nesta região”. O Sínodo da Amazônia será realizado entre os dias 6 e 27 de outubro.

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