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Em Portugal, Moro diz que “pacote anticrime” é "oportunidade de avanços contra a corrupção"

Convidado para participar das “Conferências do Estoril”, em Portugal, o ministro da Justiça Sérgio Moro defendeu nesta terça-feira (28) o seu “pacote anticrime”, segundo ele, “como uma oportunidade para consolidar avanços contra a corrupção e para não haver mais retrocessos nesta questão”. Vaiado ao chegar ao evento, ele foi alvo de boicote de vários grupos que protestaram contra a presença do ministro no país.

O ministro da Justiça Sérgio Moro (à esquerda), durante o evento "Conferências do Estoril" em Portugal, nesta terça-feira (28).
O ministro da Justiça Sérgio Moro (à esquerda), durante o evento "Conferências do Estoril" em Portugal, nesta terça-feira (28). Adriana Niemeyer/RFI
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Adriana Niemeyer, correspondente da RFI em Lisboa

O ministro também lamentou os mortos nas detenções de Manaus e anunciou “que irá transferir os responsáveis pelos ataques para prisões de alta segurança, onde ficarão em celas isoladas”.

“Se foi uma escolha certa só vou saber no futuro. É um caminho sem volta. Abdiquei de muitos benefícios”, justificou o ministro Sérgio Moro ao responder uma pergunta de um jornalista português sobre assumir um cargo público.

Moro explicou que aceitou o Ministério da Justiça para combater o crime organizado. Entretanto, diz estar ciente que pode estar sujeito a muitas críticas por sua decisão.

Aplaudido pela plateia, mas vaiado e atacado verbalmente por algumas pessoas que o aguardavam na chegada, Moro está em Portugal pela segunda vez em menos de um mês para participar do painel “A Democracia e a Luta Contra a Corrupção”. Também marcam presença no evento a ministra portuguesa da Justiça, Francisca Van Dunen, e a ex-procuradora do Estado português, Joana Marques Vidal.

Boicote e repúdio

Após a organização da conferência ter anunciado a participação de Moro, diversos grupos decidiram boicotar o evento e divulgaram notas de repúdio contra a presença do ministro em Portugal.

Em carta aberta, a Frente Democrática Brasileira de Lisboa “Coletivo Andorinha” afirma que Moro pertence a um governo que é "contra a democracia, contra as mulheres, contra a educação, a ciência, o meio ambiente, os povos indígenas, a cultura afro-brasileira e os homossexuais".

A mesma carta denuncia a declaração do presidente brasileiro sobre Moro no Supremo Tribunal Federal (STF): "Foi ainda revelado recentemente pelo próprio Bolsonaro que trocou favores políticos com Moro para ganhar um lugar na Suprema Corte brasileira", diz o documento. O ministro da Justiça afirmou aos jornalistas presentes na coletiva de imprensa após o debate que a informação é falsa.

Além das duras críticas ao ministro, grupos de ativistas também decidiram realizar um protesto contra Moro, mas poucos compareceram. “Em 28 de maio de 1926, o fascismo instalava-se em Portugal. Em 28 de maio de 2019, receberemos o fascista brasileiro mostrando-lhe que não é bem-vindo. Fascismo nunca mais, nem em Portugal nem no Brasil”, anunciava um evento do Facebook.

No final de abril, na conferência de abertura sobre o combate ao crime organizado, na Faculdade de Direito de Lisboa, Moro foi extremamente criticado pela imprensa e por políticos portugueses, ao dizer que “há uma dificuldade institucional em Portugal em fazer avançar o processo contra o ex-premiê José Sócrates e o mesmo acontece no Brasil”.

No âmbito da Operação Marquês, Sócrates é acusado de três crimes de corrupção passiva, 16 de de lavagem de dinheiro, nove de falsificação de documentos e três de fraude fiscal. O ex-premiê chegou a ser preso preventivamente e cumpriu detenção domiciliar, mas ainda não foi a julgamento.

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