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Documentário sobre militante trans brasileira conquista cinéfilos em Cannes

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O documentário “Indianara”, de Aude Chevalier-Beaumel e Marcelo Barbosa, foi apresentado nesse fim de semana no 72° Festival de Cinema de Cannes. Exibido em uma mostra paralela, o filme contra a história de uma ativista trans no Rio de Janeiro. O cotidiano da personagem principal se mistura ao contexto político atual do Brasil, com a eleição de Jair Bolsonaro e o assassinato da vereadora Marielle Franco.

A militante brasileira Indianara é a estrela de um filme em Cannes
A militante brasileira Indianara é a estrela de um filme em Cannes Divultação
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Enviado especial a Cannes

Indianara é um personagem complexo. “Um ponto fora da curva”, resume Marcelo Barbosa, que acompanhou a ativista durante mais de dois anos. Aos 48 anos, ela é um dos pilares da Casa Nem, uma residência invadida no bairro da Lapa, no Rio de Janeiro, que acolhe minorias sexuais. Mas seu ativismo vai além da questão solidária, e coloca o dedo em algumas feridas delicadas do país.

Como ao se manifestarna orla carioca, seis à mostra, pedindo contra a proibição do abordo no Brasil. Ou ao declamar, com um megafone, o nomes das pessoas trans assassinadas. “A figura dela é quase uma Marianne”, compara Aude Chevalier-Beaumel, que co-dirige o documentário e faz alusão à heroína nacional francesa, imagem visível que encarna a República.

Ela é um ponto fora da curva também por não ser um personagem perfeito. Indianara viveu na Europa e teve problemas com a justiça, chegando a ser presa durante dois anos na França. Aliás, mesmo se já cumpriu sua pena, o processo a proíbe de entrar no território francês, o que a impediu de participar do lançamento do filme em Cannes.

Um retrato do Brasil atual

As filmagens foram pontuadas de eventos que marcaram a atualidade brasileira dos últimos dois anos. Os diretores acompanham a ativista durante protestos contra o ex-presidente Michel Temer, filmam sua reação à vitória de Jair Bolsonaro e registram o choque após a morte da vereadora Marielle Franco, amiga companheira de militância.

“Íamos fazer apenas um retrato de Indianara, mas ela não separa a vida política e a vida pública da vida pessoal e da vida íntima. Tudo o que acontecia no Brasil acontecia também dentro dela, profundamente. Então era impossível separar os fatos políticos”, continua a diretora.

Equipe do filme fizeram protesto antes da projeção em Cannes
Equipe do filme fizeram protesto antes da projeção em Cannes RFI

O documentário foi exibido na mostra Acid, uma seleção da Associação francesa de cinemas independentes, conhecida por apresentar projetos engajados. “Mas nós não somos apenas cineastas engajados. Somos pessoas atentas e ainda bem que cada vez mais tem gente assim no Brasil”, lança Barbosa.

A equipe do filme aproveitou a projeção em Cannes para fazer um protesto. Ainda na rua, eles posaram com cartazes em homenagem a Marielle Franco e lembrando que a cada 48 horas uma pessoa trans é morto no Brasil.

Assista a entrevista completa no vídeo abaixo.

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