Les Echos: 100 primeiros dias de governo Bolsonaro são marcados por turbulências e polêmicas
Os 100 primeiros dias de Jair Bolsonaro na presidência estão no foco da imprensa francesa desta quarta-feira (10). Correspondentes no Brasil de dois dos mais importantes jornais franceses analisam os três meses de governo do líder da extrema-direita brasileira.
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"No Brasil, os cem dias de incertezas do presidente Bolsonaro" é a manchete da matéria assinada pelo repórter do jornal Les Echos, Thierry Ogier. Os primeiros passos do pesselista no poder foram marcados por fortes turbulências e polêmicas, aponta o correspondente.
A matéria lembra alguns dos escândalos protagonizados por Bolsonaro via Twitter, como o vídeo do golden shower que publicou no Carnaval. "Nem Donald Trump foi assim tão longe", ressalta Les Echos.
O diário também avalia que o ex-capitão defendeu teses absurdas, como considerar que o nazismo foi um movimento de esquerda, depois de visitar o Museu do Holocausto, em Jerusalém, ou que o regime militar brasileiro não foi uma ditadura. Diante de tantas polêmicas, o jornal observa que o governo não conseguiu se concentrar no essencial, como a recuperação da economia ou a reforma da previdência, uma das principais promessas de Bolsonaro.
"Os investidores não escondem que o risco de ruptura existe devido ao estilo agressivo do presidente", afirma Les Echos. "Só nos resta esperar que a ética da responsabilidade termine por superar a da convicção", conclui o jornal.
Polêmicas e fracos resultados
"Brasil: os 100 dias do presidente Bolsonaro, entre polêmicas e fracos resultados", é a manchete da matéria assinada pela correspondente do jornal Le Monde em São Paulo, Claire Gatinois. Para a repórter, "o presidente brasileiro foi mais ativo por suas provocações nas redes sociais que governando, de forma improvisada", avalia.
Segundo a matéria, as intenções do pesselista de unir o país depois de uma campanha eleitoral violenta foram expressas desde a posse de Bolsonaro, quando declarou: "nossa bandeira jamais será vemelha", ao lado do vice-presidente Hamilton Mourão, com um "sorriso constragido", descreve a repórter.
Desde então, afirma Le Monde, Bolsonaro continua sendo uma figura "em erupção", pronto para dizimar seus inimigos de sempre: o socialismo, as mídias ou os direitos humanos, "que, segundo ele, defendem os bandidos em detrimento dos cidadãos de bem", publica.
Castigado por uma recessão histórica, alto desemprego e escândalos de corrupção, o Brasil "depositou toda a sua esperança neste personagem incomum que prometia revolucionar o velho mundo político". Mas, "o retorno à realidade é brutal. Em menos de um trimestre, o estado de graça, comum a todo novo presidente, acabou", constata o jornal Le Monde.
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