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Brasil/EUA

Economia pode provocar divergências durante encontro entre Trump e Bolsonaro

Poucas horas antes do esperado encontro entre os presidentes do Brasil, Jair Bolsonaro, e dos Estados Unidos, Donald Trump, especialistas analisam o que está em jogo nessa reunião dos dois líderes do continente. O cientista político e cronista da RFI, Alfredo Valladão, lembra os pontos em comum entre os dois chefes de Estado, mas também chama a atenção para as possíveis divergências, principalmente do ponto de vista econômico.

Jair Bolsonaro e Donald Trump vão se reunir pela primeira vez em Washington
Jair Bolsonaro e Donald Trump vão se reunir pela primeira vez em Washington Reuters/Ueslei Marcelino/Yuri Gripas (Fotomontagem)
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Jair Bolsonaro vai se encontrar com Donald Trump nesta terça-feira (19) em Washington. A imprensa mundial acompanha de perto os preparativos da reunião, que representa a primeira visita oficial do líder brasileiro a um chefe de Estado, desde que foi eleito.

“Durante a campanha eleitoral, Bolsonaro havia dito que a prioridade seriam os Estados Unidos. Então não se trata de uma surpresa”, ressalta Alfredo Valladão. No entanto, lembra o professor do Instituto Sciences-Po de Paris, essa visita representa “uma verdadeira mudança de rumo com relação a seus dois antecessores”.

O professor se refere as convergências políticas dos dois líderes, o que fizeram com que jornais como o Washington Post apresentassem o encontro como uma cúpula da extrema direita. Sem esquecer a admiração confessa de Bolsonaro por Trump. A agência de notícias norte-americana Bloomberg chegou a dizer com a visita à Casa Branca, o brasileiro, apresentado como um dos principais seguidores do estilo Trump de dirigir, “o aprendiz vai encontrar o mestre”.

“Mas é preciso tomar cuidado, pois quando dizem que Bolsonaro é um ‘Trump Tropical’, não é verdade”, pondera Valladão. “Ele não tem nem as capacidades nem as possibilidades de fazer o que faz Trump”, explica o professor. No entanto, persistem “há uma proximidade ideológica”.

Jornais como o francês La Croix ou o belga La Libre afirmam que o encontro entre os dois chefes de Estado vai reforçar a parceria entre os dois países. Para o jornal de Bruxelas, Bolsonaro e Trump vão “selar uma aliança conservadora, reforçar os elos econômicos e aumentar a pressão sobre a Venezuela”, enquanto jornal católico francês insiste que Brasília está “ávida de cooperações” com Washington.

Venezuela no centro das discussões

Um dos principais temas na mesa de discussões nesta terça-feira na Casa Branca será a situação da Venezuela. “Os dois países pensam que já está na hora de Maduro deixar o poder”, afirma Valladão.

No entanto, Brasília e Washington não veem a questão da mesma maneira. “Os Estados Unidos são muito mais agressivos e dizem que até a opção militar é uma possibilidade, mesmo se não acredito que os americanos queiram fazer uma intervenção militar. Já no Brasil há contradições internas. De um lado há ideólogos do governo, que pensam que a globalização é um complô comunista, e que é preciso estar ideologicamente próximo de Trump, como o ministro brasileiro das Relações Exteriores. Por outro lado, temos os militares brasileiros, que são extremamente pragmáticos, e querem manter o mínimo de autonomia estratégica do Brasil e são reticentes e contrários a qualquer intervenção a partir do território brasileiro. Mas há, entre os dois países, um consenso sobre o fato de que se deve pressionar mais Maduro”.

Relação com a China é ponto sensível

Valladão ressalta, no entanto, que apesar dos pontos de comuns e das eventuais afinidades, “o que conta nesse tipo de visita são os interesses”.  “É certo que eles não vão discutir de detalhes mas, provavelmente, sobre essa ideia de criação de uma espécie de frente política diante da Venezuela, a Nicarágua e Cuba, contra o que eles chamam de antigo comunismo na América Latina”, aponta o professor.

Porém, as relações de ambos com China e Irã podem criar divergências. “Nesse caso é mais complicado, pois Trump vai certamente querer que o Brasil o acompanhe em sua guerra comercial contra Pequim. Mas a China é o principal comprador de commodities brasileiros, como a soja e o ferro”, lembra Valladão.

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