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Brasil/Venezuela

Pacaraima teme escalada da violência na fronteira entre Brasil e Venezuela, relata Le Monde

O jornal Le Monde enviou sua correspondente no Brasil, Claire Gatinois a Pacaraima, cidade brasileira na fronteira com a Venezuela. A reportagem relata que os moradores do local temem uma escalada da violência, após a morte de dois indígenas na sexta-feira (22) em um confronto com militares venezuelanos e a declaração bélica do presidente Nicolas Maduro. A ajuda humanitária prometida pelo presidente autoproclamado Juan Guiadó, deve chegar neste sábado à Venezuela. As fronteiras com o Brasil e com o estado colombiano de Táchira foram fechadas por Caracas.

Matéria do Le Monde sobre a tensão na fronteira entre o Brasil e a Venezuela publicada neste sábado, 23 de fevereiro de 2019.
Matéria do Le Monde sobre a tensão na fronteira entre o Brasil e a Venezuela publicada neste sábado, 23 de fevereiro de 2019. DR
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Além dos dois mortos, 15 índios, provavelmente Pemones, ficaram feridos no confronto de sexta-feira. Eles teriam tentado acabar com bloqueio militar na fronteira, fechada na última quinta-feira (21) e foram rechaçados a tiros. A ação indígena visava permitir a entrada da ajuda humanitária na Venezuela, prevista para este sábado. O uso da força foi condenado pela oposição e pelos Estados Unidos. Pelo Twitter, o presidente Nicolás Maduro reforçou seu apoio às forças de ordem.

“A vingança é inerente à cultura dos índios Pemones, por isso tememos represálias e uma escalada da violência”, declarou ao Le Monde o padre Jesus, responsável pela paróquia de Pacaraima. O religioso chegou ao pequeno vilarejo “sem charme” da fronteira há nove anos e viu progressivamente aumentar a onda de migrantes venezuelanos, “fugindo da miséria e da fome.” O padre Jesus também viu crescer “o sentimento de ódio e de xenofobia” na população brasileira, normalmente tão acolhedora.

Prudência

O artigo do Le Monde, publicado neste sábado, diz que Brasília resolveu adotar uma estratégia de prudência. O Brasil não renuncia à operação de ajuda humanitária. Caminhões carregados de 200 toneladas de alimentos e remédios, vindos dos Estados Unidos, devem chegar a Pacaraima, mas a “ação brasileira só irá até a fronteira, isto é, o Brasil não vai questionar a soberania da Venezuela”, diz o texto. Da fronteira para lá, cabe à oposição ou aos partidários pró-Maduro decidir o que farão com a ajuda humanitária.

O deputado Antonio Carlos Nicoletti, do PSL, que está na região, disse à correspondente que “nada será feito que possa prejudicar os interesses dos brasileiros”. O estado de Roraima depende da energia comprada da Venezuela e os proprietários do posto de gasolina que alimenta Pacaraima são venezuelanos, informa o jornal.

Essa prudência contrasta com a posição mais enérgica que era defendida pelo ministro da Relações Exteriores, Ernesto Araújo.

Guaidó desafia Maduro

O líder opositor Juan Guaidó desafia o presidente Nicolás Maduro e a justiça venezuelana. O presidente autoproclamado e reconhecido por cerca de 50 países, participou ontem de um show na cidade colombiana de Cúcuta, na fronteira entre a Colômbia e a Venezuela. Ele disse que chegou à Colômbia com a ajuda de militares venezuelanos.

Em uma declaração à imprensa na companhia dos presidentes da Colômbia, Chile, Paraguai, e o secretário-geral da OEA, o líder político disse que atravessou o território venezuelano para buscar a ajuda doada pelos Estados Unidos e seus aliados. "Amanhã, um mês depois de tomar posse como presidente encarregado, todo o povo da Venezuela estará nas ruas exigindo a entrada da ajuda humanitária", afirmou.

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